quinta-feira, 29 de julho de 2010

O desafio da Pedagogia do Amor


Hoje no trabalho com população de rua enfrentamos o desafio da implementação da Pedagogia do Amor.

Havia um companheiro demonstrando agressividade e um descontrole pelo fato de estar sob efeito de drogas.

As pessoas chamavam sua atenção, pediam que se calasse, que se afastasse. Mas nada disso surtia o efeito que as pessoas desejavam. Ele falava alto, se aproximava de novo e atrapalhava o nosso estudo.

Pessoas em círculo, em pé, em torno do estudo sobre o amor. E o irmão descontrolado do lado de fora. Para mim, havia uma contradição no ar.

Desta vez silenciei.
Tento sentir o que ele sentiu, sua dor, sua sensação de inadequação, de que ninguém o ama. Eu sei porque já senti tudo isso. Quem não sentiu?

O que nos diz a pedagogia do amor? Qual método para lidar com as pessoas que demonstram agressividade?

Lembrei de Jesus: atire a primeira pedra quem estiver sem pecados.

A primeira atitude deve ser a de humildade: não me sentir superior ao outro. Eu trago em mim o mesmo potencial de agressividade e desequilíbrio.

Isso leva ao exercício do olhar de compreensão. Por que ele está agressivo? Fez uso de drogas, amanheceu mal, teve maus sonhos, foi agredido, brigou com pessoas que lhe são caras, traz questões psicológicas de origens remotas, etc. Tudo isso para que o nosso olhar seja de compreensão e amor.

Segunda atitude: regar as sementes do amor. Todo mundo traz em si as sementes do amor, do carinho, da paz. Lembro desse companheiro em outros dias, sua ternura, suas demonstrações de amizade, de gratidão, de companheirismo, seu sorriso, sua musicalidade... Recordo também que mesmo hoje, ele demonstrou ternura no olhar ao ver uma criança pequena.

É isso! Podemos investir nas coisas boas, capazes de regar as sementes boas de seu coração.

Na pedagogia do amor nos perguntamos sempre: o que Jesus faria?

O grupo não agiu tão mal. Não o agrediu tanto. Silenciou, respeitou seu momento. Parabéns ao grupo de trabalho.

Mas sinto que podia ter feito mais. Investir nesse espírito de compreensão coletiva. Suavizar o olhar, abraçar, dizer dos bons sentimentos, da ternura que sinto por ele.

Vivendo e aprendendo.

Creio na força do amor. Se regarmos as sementes de amor no coração das pessoas, veremos como todos têm grande potencial de amar.

Creio na força da paz. Se nos negarmos a agredir na mesma moeda, o exemplo que nosso silêncio produzirá será capaz de transformar o mundo.

Qual foi mesmo o pedagogo que ensinou a oferecer a outra face?

2 comentários:

  1. Coloquei no Webespiritismo, meu blog, uma reflexão a cerca deste pensamento. Talvez nosso grande desafio pedagógico seja o de construirmos uma visão mais ampla a cerca de nós mesmos a partir do contato com o outro.
    Um dia praticaremos a máxima de Jesus em plenitude. Seremos capazes de amar ao próximo como a nós mesmos e a Deus, acima de tudo

    ResponderExcluir