domingo, 30 de abril de 2017

Na trilha do amor


Dádiva dos Céus
Te encontrar
Partilhar de Tua presença
A certeza de que agora
Meu caminho é o Teu caminho
Seguiremos juntos saboreando a grandeza desse encontro
Sob Teu silêncio me faço aprendiz
Sinto o Teu Ser
Não há mais nada a fazer
Apenas ser e sentir o Teu Ser
Nada a buscar... nenhuma técnica, nenhum controle, nenhum gerenciamento dos dias...
Apenas a simplicidade de esperar, receber, deixar vir, deixar que Tua presença se derrame como vinho em minha taça
Desfrutar o encontro
Estar aqui, com você, a cada momento.

Mas...
eis que, de repente,
Tu não estás mais aqui
Vejo-me só outra vez
E ainda que toda a sabedoria venha a meus ouvidos me dizer:
"ouça dentro, está dentro, em ti mesmo, sempre esteve, sempre foi um só, por que procurar fora?"
Meus ouvidos ouvem mas meu coração,
por demais humano,
ressente-se de Tua ausência e vê ressurgir toda dor, ansiedade, medo, fraqueza.
Eu já não conhecia a dor do abandono. Tu não existias para mim.
E agora meu coração ficou cego e não consigo mais desfrutar de nada em Tua ausência.
Por isso vim aqui.
Subi a montanha escarpada de minhas contradições.
E, sob a névoa de minha mente tumultuada,
Ergo, nessa hora, os braço ao alto:
Vem!
Só mais uma vez, eu te clamo!
Vem... me conta mais um pouco das Tuas doces histórias e deixe-me beber de Tua voz.
Vem... e deita-Te sobre a grama, e deixe-me acarinhar Teus lindos cabelos.
Vem... fiquemos em silêncio.
Já não posso viver sem Ti,
Já não há vida sem Tua presença
O oceano é um vasto deserto
A floresta está destruída
Todos estão mortos
Só há sombra e confusão e vejo por toda parte chamas e desolação.
Vem... e me responde, definitivamente:
Será o Amor uma dádiva ou uma maldição?
Por quanto tempo ainda caminharei só?
Quando tornarás em definitivo a cumprir a promessa
- Uma promessa que finjo que fizeste -
De estar sempre a meu lado?
Tu... existes de verdade?
Eu... quem sou?
Quem somos para além desse véu de sombras e agitação?
Acalma minha mente.
Receba meu coração.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Na trilha da devoção


Me leva.
Me leva, irmã divina.
Me leva até a altura onde alcançaste.
Me leva.
Que os raios de luz do teu olhar sejam a trilha de ascenção de minha meditação.
Me leva, irmã divina.
Que tua voz seja o eterno som, música das estrelas, zumbido de um pequenino inseto, som das águas... o cântico suave da natureza, a recordar minhas origens.
Me leva.
Que o teu alento seja o ar, suave e profundo, que me conduz mais e mais para dentro de mim mesmo.
Me leva, amiga, amada, para junto de meu peito.
Que teu coração transborde compaixão por tudo que não sei.
E que tuas águas refresquem, inundem e carreguem todo o meu passado de apego e dor.
Me leva, divina flor, divina lua, divina irmã.
Que teus braços dancem harmoniosamente irradiando a graça de tudo o que move: as folhas e ramagens do caminho, as nuvens, o regato, as aves e as ondas do mar. Que nossos braços sejam o proprio vento.
Me ensina, suave e silenciosa amiga, mestre dançarina.
Que teus pés, teus doces pés esvoaçantes, pisem nesse mundo no mesmo tempo que os meus para que você me conduza ao amor divino ainda nesta vida.
Me leva.
Me aceita nessa hora.
Me recebe em tua companhia neste sadhana divino, neste alegre jogo da verdade.
Me leva.