quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Revelação do Ramayana a Valmiki



Estou lendo o Ramayana e ali, logo no início, conta-se como o livro foi revelado ao sábio Valmiki.

O que me chama atenção é que temos a tendência a perceber as religiões orientais como religiões místicas, do silêncio além das palavras, em contraposição às religiões do tronco judaico-cristão marcadas pelas revelações, pelas palavras, pelo livro, pelo profetismo.
Esse texto no entanto, um dos mais famosos livros da Índia que conta a história de Rama, foi escrito de uma forma que podemos dizer, revelada.
Lembramos que a devoção a Rama é comum na Índia, e que foi a última palavra de Gandhi antes de morrer.
Vamos à história:

Valmiki estava sentado, em meditação, há milhares de anos, à beira do rio. Tanto tempo que foi feito um cupinzeiro sobre ele. 
Mas com a tragédia de Rama e sua esposa Sita, o sábio dos céus, Narada, veio despertá-lo e pedir que socorresse a mulher.
Convencido por Narada, Valmiki observou Sita, "uma bela e formosa mulher."
Depois observou duas aves aquáticas sobre uma árvore e se encantou com a maneira como o macho cantava para sua companheira.
Mas um caçador flechou a ave que caiu morta no chão.
Valmiki, com o coração descompassado, amaldiçoou o caçador: "Não encontrarás descanso nos longos anos da Eternidade, porque mataste um pássaro apaixonado e insuspeitoso."
O caçador morreu em pouco tempo.
E depois Valmiki ficou pensando nas palavras e em como elas formavam um verso e, mais ainda, em como esse verso era musical. (notemos o poder da palavra e da música!)

Foi o primeiro poema, a primeira música da Terra!

Sendo assim, o Senhor Brama, Criador dos Mundos, apareceu a Valmiki e pediu que esse escrevesse a história de Rama, o Ramayana
E disse assim:

“Com que, então, ao pé de um rio, o primeiro verso do mundo nasceu da piedade, e o amor e a compaixão por uma minúscula avezinha fizeram de ti um poeta. Usa o teu descobrimento para contar a história de Rama, e teus versos derrotarão o Tempo. Enquanto estiveres compondo o teu poema, a vida de Rama te será revelada, e nenhuma palavra tua será inverídica.
O Senhor Brama voltou ao seu céu, muito acima dos céus mutaveis de Indra e dos deuses no carro tirado por cisnes brancos e gansos cor de neve. Valmiki sentava-se, todos os dias, voltado para o leste, numa esteira de capim. Segurava um pouco de água nas mãos unidas em concha e, olhando para dentro dela, via claramente Rama e Sita. Via-os moverem-se, ouvia-os falarem e rirem. Viu toda a vida de Rama acontecer dentro da água segurava o mundo passado no oco da mão; e, de parte em parte, fez Ramayana deleitoso ao ouvido, agradável à mente e uma verdadeira felicidade para o coração.” (Ramayana, versão de William Buck, p. 33, 34.)

tenhamos paz!

domingo, 14 de outubro de 2012

Homenagem ao Mestre



Foi o professor que mais me inspirou. Razão e Coração ao mesmo tempo. Um intelectual apaixonado. Apaixonante. Lemos "O Capital" de Marx, e decidimos que precisávamos mudar o mundo: o capitalismo não dá conta da inclusão social. A conta não fecha, é injusto. Aulas comoventes. Método pedagógico incrível: livro na mão, citações diretas do autor, exemplos da vida real, uma pergunta inicial difícil, e a resposta só vinha no final, fechando a aula. Disse que aprendeu isso com sua mestre na Inglaterra. Um orientador amigo, cheio de ternura e bons conselhos. Um pai. Ao fim do curso disse chorando para sua turma: "quero que você possam ir mais longe do que eu fui capaz de ir." Uma frase dele para reflexão: "o verdadeiro cientista é o que consegue explicar sua ciência ao leigo". José Ricardo Tauile. Parabéns e obrigado. Você está em mim, em cada aula que eu dou com paixão. Compaixão: estamos juntos, na mesma sintonia.