domingo, 17 de outubro de 2010

Pestalozzi - começo de conversa


Estou descobrindo um grande filósofo e educador: Johann Heinrich Pestalozzi.

Ainda preciso estudar mais. Acabo de ler o livro da Dora Incontri sobre ele: Pestalozzi - educação e ética.

Fiquei encantado com a forma como ele alia religiosidade, política, filosofia e educação. Os temas da maior importância para o mundo. Indissociáveis. Aliás, a crise das ciências mora na especialização dos saberes.

Se vou ensinar uma criança preciso saber quem ela é? E só posso responder a essa pergunta me perguntando pela essência do ser humano. O homem no seu ser, o que é? - perguntava o professor.
Hoje, as pessoas, na cultura da Globalização, perdem o endereço de si mesmas. Um projeto pestalozziano começa com o "conhece-te a ti mesmo."
Hoje, na superficialidade das relações, as pessoas são vistas pelo que parecem (status, dinheiro, poder, celebridade). Um projeto pestalozziano significa ouvir a essência de cada um, descobrindo a centelha divina em cada ser humano.
Se o homem é essencialmente bom, o educador deve fazer a criança entrar em contato consigo mesma e ajudá-la a seguir a Natureza.

Como educador, preciso entender a cultura, a sociedade em que vivo, as instituições que modelam e reforçam nossas atitudes no mundo. E preciso estar atento para o fato de que a transformação no indivíduo (meta da Educação) caminha junto com a transformação social (meta da Política).

E me encanta, ainda, seu método que alia observação empírica, aos projetos práticos de educar as crianças pobres de sua época, e a uma visão de mundo abrangente, sua intuição, sua recusa ao reducionismo racionalista, sua ênfase em falar de amor e praticá-lo. Pestalozzi educava cabeça, mãos e coração - o ser integral: inteligência, ação e sentimentos.

Pestalozzi aponta sem medo, e não podemos temer repeti-lo em tempos de absolutismo materialista nas Universidades, a causa da crise social como ausência de espiritualidade.
Um discurso apressado aqui pode parecer fanatismo. Não, não estamos falando em fé declarada, em religião civil (essa tem crescido), mas em sentimento religioso, fé no conteúdo mais sagrado das religiões: somos todos irmãos. Urge, através de um gesto de amor, religar os homens entre si, e reestabelecer a harmonia com a Natureza.
Eis o texto do corajoso educador:

"Descrença é a fonte da destruição de todos os laços da sociedade (...) E a fonte da justiça e de toda a felicidade do mundo, a fonte do amor e do sentimento de fraternidade humana repousa no grande pensamento da religião: de que somos filhos de Deus, e de que a fé na Verdade é a base segura para toda a felicidade no mundo".