quarta-feira, 16 de abril de 2014


Quem coloriu o tronco das árvores?
Todas aquelas nuances de sombra que percorrem as suas ranhuras?
E quem desenhou essas ranhuras?
E suas contorções tão assimétricas e tão perfeitas e belas?
E suas curvas?
As árvores altas, as árvores baixas...
E quem colocou com precisão os fungos verdes?
E os musgos cariciosos em sua pele áspera?
Ó meu deus, o que faz do tronco das árvores esse espetáculo tão belo de se ver?
E, mais importante que tudo, quem colocou no meu coração
Esse dom de se apaixonar pela beleza do tronco das árvores?
E me deixar de boca aberta e suspirar e me perder nessa contemplação suave e extática?



Os caminhos sombrios andam dentro de nós. Servem para que encontremos a nossa própria escuridão. Nela, há lâmpadas quase imperceptíveis a nos conduzir, tal qual mestres que nos oferecem a mão como guias. E no fim da jornada compreendemos que todo esse percurso de sombras é fundamental para que possamos descobrir a explosão de luz que a existência nos oferta. O amanhecer. A vida plena e irradiante de amor. Há de esperar. Há de esperar, até que a noite se faça dia.

segunda-feira, 14 de abril de 2014


Eu te ofereci a flor mais perfumada do meu jardim
Não a quiseste
Eu derramei meu rio de lágrimas represado pela força do tempo
Tu nem percebeste
Dei-te o vinho das minhas melhores uvas colhidas no frio do outono
Não o aceitaste.
Convidei-te a dançar junto a chama ardente da fogueira de minha paixão
Preferiste o frio do teu inverno sem vida.
Meu amor não realizado é o dom imortal de cantar a dor do mundo.
Declarei meu amor a uma estátua fria
Abri o peito mostrando-te toda a minha celebração
E teu riso se converteu na taça amarga de um pobre desencanto.
Agora, parto à procura do rio do esquecimento
Devo cruzar a ponte e subir ao mais alto
Contemplar mais um crepúsculo de minha solidão.
Deixo-te esses pedaços de mim
Para a tua coleção de amores vazios
Guardados no teu armário velho e sem cor
Para que no momento de tua morte
Possas sentir a dor de não ter vivido.

domingo, 6 de abril de 2014

ESCOLA DE MÍSTICOS


"Era uma linda manhã e o sol estava recém-surgindo no horizonte, os primeiros raios de sol estavam brilhando com as folhas da amendoeira e vi uma coruja pousando na amendoeira. Ela disse: "Está ficando escuro; este é um bom lugar para descansar até o amanhecer?" Somente um coelho a estava escutando. O coelho disse: "Senhora, está amanhecendo! O sol está surgindo. Você está ao contrário."
O entendimento de uma coruja é totalmente diferente: a noite é dia para ela, e o dia é noite; de manhã, ela repousa para a noite. O entardecer é o seu amanhecer. E toda esta diferença existe entre o místico e o não-místico. O que é o amanhecer para um místico, é uma noite escura para você, e o que é noite escura para o místico, é tudo o que a sua vida consiste. Daí, a incompreensão."
Osho, O caminho do amor - Discursos sobre as canções e Kabir

quarta-feira, 2 de abril de 2014


O afeto é o principal alimento da espécie humana.
E todo o nosso vazio interior e nossas carências emocionais vêm da falta desse alimento.
Nossa felicidade depende disso.
Um dia a gente descobre que cobrar afeto não resolve o problema. Não podemos cobrar que as pessoas nos doem, nem que as pessoas aceitem o que temos a oferecer.
A única decisão possível é a de se abrir para a troca afetiva.
O resto acontece. A existência se encarrega de trazer...
E se abrir é um processo, um caminho...
A chave capaz de abrir o cadeado de dentro é: aceitação de si mesmo. Reconhecer-se humanamente humano, como todos os demais, com todas as potencialidades e carências que trazem em sua bagagem.
E aceitar a si mesmo é aceitar suas origens, sua ancestralidade, ou seja, tratar o coração de toda dor proveniente da relação com pai e mãe.
Pra isso acontecer não tem receita pronta.
Perdoar pai e mãe, desenvolver compaixão pelas carências e ignorâncias que por sua vez eles trouxeram igualmente da infância deles.
Oferecer o melhor do seu amor... vendo essa criança da foto lembramos que a dimensão da inocência está ainda presente em nós, na criança espontânea que corre sorridente em busca do abraço.
Em algum momento da jornada essa criança foi silenciada.
Mas a todo momento ela quer se expressar.
Expressa-te criança. Tua voz é a canção pura do amor de Deus.
A vida traz oportunidades. E as perdas de oportunidade são também chances de olharmos pra dentro e assumirmos o compromisso de fazer essa criança sobrepujar as paredes que a mantiveram calada por tanto tempo.
Expressa-te menina, deixa fluir a melodia que vem do amor divino.
E muitos beijos, é o que desejamos. Que muitos beijos sejam dados.
Paz!