terça-feira, 8 de outubro de 2013

Neruda / Quando eu morrer...

Quando eu morrer quero tuas mãos em meus olhos;
quero a luz e o trigo de tuas mãos amadas
passar uma vez mais sobre mim seu viço:
sentir a suavidade que mudou meu destino.

Quero que vivas enquanto eu, adormecido, te espero,
quero que teus ouvidos sigam ouvindo o vento,
que cheires o amor do mar que amamos juntos
e que sigas pisando a areia que pisamos.

Quero que o que amo continue vivo
e a ti amei e cantei sobre todas as coisas
por isso segue tu florescendo, florida.

Para que alcances tudo o que meu amor te ordena,
para que passeie minha sombra por teu pêlo,
para que assim conheçam a razão do meu canto.
Neruda, Pablo 1904 – 1973
Cem sonetos de amor – tradução Carlos Nejar – Porto Alegre
L&PM 2008

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Transformação familiar


Fogo é vida e morte.
Contemplando-o reflito sobre meu lugar ante a minha ancestralidade.
Herdeiro de meus antepassados
acolho e agradeço pelos valores e potenciais que trago em mim.
Entretanto,
recuso e me desfaço daquilo que,
para mim,
já não me serve mais.
Que a luz que brilhar em mim,
ao longo de minha jornada,
possa honrar a todos vocês.
Que todos vocês brilhem comigo, partilhando os méritos.
E que cada um,
no seu tempo
e onde estiver,
faça também sua alquimia interior
seu processo de transformação.
Vivo, e vivem - todos - em mim.
Vivo, e liberto do que não quero mais
deixo-os viverem livremente também.