terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Caravaggio e a crucificaçao de Pedro


Praça do Povo em Roma. A Praça é imensa e nos faz pensar em politica e historia. Uma praça tao grande, cabe muita gente reunida. Imaginamos os encontros do povo ali. Historia: Roma, sede do império. No centro da praça um gigante obelisco roubado do Egito. Roma, cidade imperial ao tempo das atividades revolucionarias dos primeiros cristaos, que aboliam a ideia de escravidao proclamando a igualdade essencial de todo ser humano. Todo ser humano é morada do Espirito de Deus, e pode ser Seu porta-voz.
Ali tem uma igreja rica em arte. Santa Maria do Povo (Santa Maria del Popolo).
A Caravaggio foram encomendadas duas obras. Dentre elas essa pintura belissima da crucificaçao de Pedro. Detalhe, o santo pediu que fosse crucificado de cabeça para baixo, para nao igualar-se ao seu Mestre.
A crucificaçao foi um dos suplicios mais dolorosos de todos os tempos.
E vejamos como Caravaggio mostrou o trabalho que dava para crucificar alguem. Os tres homens parecem estafados nessa atividade. Seus corpos falam. Caravaggio é um genio!
Que luz! Que maravilha de claro-escuro. Suas pinturas tem esse drama, essa coisa barroca, esse realismo dramatico, vejamos o que nos diz o corpo velho, apesar de forte e rijo, cansado do apostolo. Detalhe na expressao facial de Pedro... Pensamos muito sobre essa expressao. Ha uma dor intensa ao olhar para a mao esquerda sendo pregada na cruz. Mas ha tambem um que de sublime, é como se Pedro visse/sentisse a dor do proprio Mestre, compreendesse a Sua dor quando passou pela mesma situaçao, e ali se irmanou do Mestre, mas ao mesmo tempo que é sublime, doi muito, a dor de Jesus é grande demais. Essa dor é simbolo da dor dos homens, que caminham distantes de Deus e de si mesmos.
Outro detalhe que nos parece interessante: a pedra ao chao, que parece saltar do quadro, é do tamanho de um cranio (tema tipico barroco, simbolo da morte).
Saimos mais vivos dali. Tocados pela luz de Caravaggio. Fazendo brilhar uma luz que ha em nos.

domingo, 23 de janeiro de 2011

O sacrificio para o sucesso




Fico pensando na busca do sucesso.


A nossa cultura ocidental nos incentiva a investir todas as nossas energias em busca de sucesso.


E preconiza igualmente o sacrificio, o esforço, a necessidade de abrimos mao de varias coisas para obter o sonho tao desejado.


Na vida vamos seguindo em busca dos sonhos. Alguns realizamos. Os homens de sucesso fazem da derrota o momento de aglutinar mais forças em busca das vitorias futuras.


Mas, e dai? Depois da conquista o que somos?


Quando somos felizes?


Olhando para o meu passado de sucessos nao sei bem dizer quando fui feliz. Engraçado, honestamente, posso dizer que tive varias vitorias sucessivas. Alias posso lembrar da minha vida como dividida em capitulos. Capitulos das lutas pelos sucessos: teve o momento das notas altas na escola, entrar para o curso técnico, ser da equipe principal do time de volei, a eleiçao do gremio, ser bom aluno no pre-vestibular, passar no vestibular, as notas na faculdade, conseguir ter sucesso no namoro, a vaga no emprego...
Mas e os acontecimentos felizes nesse periodo? Pouco me lembro.


A impressao é que deixei de ver muita coisa ao meu redor. Deixei de valorizar as coisas felizes e simples a minha volta. Esqueci de perceber que era feliz e nao sabia.


Hoje quero cultivar aquele pensamento: felicidade nao esta na meta alcançada, mas no caminho.
Em simplesmente ser.
Vou me deixar ser feliz.
“Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas. Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal.”
Mateus 6:33-34

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Uno sguardo dal ponte


Acaba de estrear na Europa, a Opera americana "A View from the Bridge", aqui em Roma chamada "Uno sguardo dal Ponte". Belissimo espetaculo, escrito por Arthur Miller! Além dos aspectos psicologicos da trama, que lhe dao um carater verdadeiramente universal, e da contemporaneidade estética da montagem, meu coraçao sentiu-se especialmente tocado pelo pano de fundo historico: as dificuldades encotradas nos EUA pelos imigrantes italianos nos anos 50. Passaporte, imigraçao, denuncia, justiça. O auge dessa questao é quando um dos italianos é preso e declara seus sentimentos, pensa na mulher, nos filhos que ficaram na Italia a esperar, e o que a América tem para oferecer? Um navio chamado Fome.
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Espero que meus irmaos europeus, que hoje recebem tantos imigrantes, cada um com uma rica historia pessoal, possam ser tocados por esse texto cantado hoje no Teatro dell'Opera di Roma e comecem a abrir seus coraçoes e suas fronteiras aos imigrantes em busca de sonhos.
paz!
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Quero indicar um autor argelino que mora e publica na Italia: Amara Lakhous. http://www.amaralakhous.com/ Li ha pouco um livro profundo e engraçado sobre a vida cotidiana dos grupos de imigrantes dessas terras: Scontro di civiltà per un ascensore a piazza Vittorio. (Choque de civilizaçoes por um elevador na Praça Vittorio). Espero que os editores se apressem a traduzi-lo para o nosso bom portugues. Ja ha em ingles.
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Come un non-italiano prego perdone per scrivere con tanti errore. Però mio cuore voglia dire che lo spettacolo di questa sera a Teatro Dell'Opera di Roma ha stato bellissimo. Mi ha fatto pensare sulla questione della immigrazione attuale, incluso a Italia. Capire i sentimenti più profondi degli immigrati è fondamentale per una pacifica vita insieme. Complimenti a tutti! Un brasiliano in vacanze en questa bella e vecchia città!

sábado, 1 de janeiro de 2011

O que é o amor?


A vida espiritual se resume em amar. Nao se ama porque se quer fazer o bem a alguém, ajuda-lo, protege-lo. Agindo dessa maneira, nos comportamos como se vissemos o proximo como um simples objeto e nos mesmos como sendo generosos e sabios. Mas isso nao tem nada a ver com amor. Amor significa comunicar-se com o outro e descobrir nele uma particula de Deus.
Thomas Merton
Extraido da introduçao de um livro do Paulo Coelho escrito em italiano, portanto, perdoem a traduçao livre. O livro se chama: Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei.