sábado, 18 de março de 2017

Agora na rua:
Menino de 5 anos com sua mãe. Ela diz:
- Vamos agora para casa fazer o seu trabalho. Vamos recortar as figuras...
- Ah, mãe.
- Filho, o que é mais importante brincar ou o trabalho?
- O trabalho , disse o menino chorando.
- Imagina se você chega na escola sem fazer o trabalho. Você vai ser o mico do ano! Todo mundo fez o trabalho menos você.
Isso pra mim é um escândalo mais sério que os dos políticos. Na verdade, creio que a raiz da nossa crise atual esteja aí. É o nascedouro. Pessoas dissociadas de seus sentidos de vida, de si mesmas, criadas neuroticamente para um mundo de cabeça para baixo. Gente!, a questão política mais profunda não é ser de qual partido nesse contexto polarizado, a verdadeira questão política é: como contruir um outro mundo possível com pessoas vivendo plenamente os propósitos de vida de suas almas. Como vamos proteger as crianças de suas famílias neuróticas e amedrontadas? Com tantas experiências de escola livre, tantas escolas com boa visão sobre a infância... ainda existem escolas que passam dever de casa e pais que matriculam seus filhos nelas e entram no jogo do dever, do medo, do que os outros vão pensar de mim, ao invés de cultivar o prazer, a confiança e a autenticidade. Tão novinho. O menino devia bater no meu joelho. Era um pingo de gente... sendo diminuído em seu ser nessa ideologia maluca que NENHUM pedagogo jamais ensinou.
Assim como os políticos não discutem uma reforma política que acabe por exemplo com seus salários, o que acabaria com o incentivo a entrar na política por interesse pessoal, da mesma maneira a sociedade, que padece gravemente do analfabetismo emocional, não consegue encarar o fato de que tem vergonha de dançar, que não troca afeto, que tem medo de amar, que vive um mal estar espiritual que lhe traz imenso vazio, que se vicia em bebidas alcoolicas e comida nada saudável, que abandonou seus sonhos há muito tempo e perdeu sua espontaneidade e alegria de viver, que abusa seu poder sádico sobre os mais fracos (especialmente as crianças) e que foge de tudo isso e mal consegue se olhar nos olhos no espelho e sorrir ou chorar, essa mesma sociedade não consegue ver nem sentir o mal que faz aos seus filhos transmitindo-lhes todo esse sofrimento.
Olhando assim, fica óbvio que a política hoje está tão enferma quanto as pessoas e que a discussão política está tão surda quanto a barulheira emocional mal-tratada de cada membro de nosso corpo social.
Como vamos fazer a reforma política sem os políticos? Como vamos mudar a relação com as crianças sem uma mudança emocional-espiritual dos pais?
Sim. Reafirmamos: Um outro mundo é possível.
E vai nascer a partir de dentro da gente.
Na verdade, já tem muita gente vivendo ele. Só não passa na mídia. Esses irão inspirar os demais.
Inspirem-nos Pestalozzi, Alexander Neill, Janusz Korczak, Rabindranath Tagore, Rudolf Steiner, Victor Frankl, Eurípedes Barsanulfo, Rolando Toro e tantos educadores que perceberam a causa profunda dessas crises, inspirem-nos a encontrar caminhos para nossas crianças.

sexta-feira, 17 de março de 2017

Desejos para o Ano Novo.
Então começa o ano, agora que passou o Carnaval.
2017. E nesse domingo acordei e vim aqui te desejar coisas boas para esse novo ano.
Quais as coisas boas eu posso desejar?
E como eu posso traduzir em palavras?
Tem a ver com o caminho que estou trilhando e, de algum modo, quero partilhar com você, para que a gente possa caminhar junto.
Então o primeiro desejo é esse: que você caminhe. E caminhe junto. Tem uma estrada aqui à nossa frente. E eu não quero que você fique de fora dessa jornada. E também não quero ir sozinho. Por isso vem que estaremos ambos em boa companhia.
O segundo desejo é que você entenda que ninguém conduz a caminhada. Cada um faz suas escolhas e, como que num passe de mágica, na mais perfeita sincronicidade, a gente encontra harmonia nesse caminhar. As coisas dão certo porque eu estou cuidando de mim. E você está cuidando de você.
Para que isso funcione assim com tamanha fluidez desejo que você cuide dessa conexão interna. É você cuidando de você. Quando criança precisamos de Atenção, Acolhimento e Afeto. Agora que somos adultos não precisamos mais de nada. Já temos tudo. Já somos isso tudo e podemos oferecer. Então o terceiro desejo é que você se torne uma pessoa adulta. E tenha, por isso mesmo, como primeiro princípio: não reclamar de ninguém, nem de nada. Nem mesmo quando alguém do seu lado der crise de infantilidade e reclamar de você. Seu trabalho é olhar para dentro de si e cuidar de si, do que acontece em você.
E assim a gente continua na estrada. E o quarto desejo é que você abra as janelas da criatividade. Crie a sua própria vida, crie quem você é, crie assim o campo quântico em torno de você que manifestará o mundo que você deseja a sua volta, atraindo as pessoas e situações perfeitas para o seu desenvolvimento.
O quinto desejo é que você descubra alguém, um princípio, uma força, uma divindade, em quem você confie e então permaneça na confiança e olhe sorrindo para as desesperadas vozes de dúvida que surgem em você porque isso é um padrão muito antigo e a vida pede confiança.
O sexto desejo é que você busque inspiração em pessoas inspiradoras. E aprenda com elas que elas foram adultas e criaram sua própria realidade. E olhando para elas, que você encontre inspiração para o seu andar.
O sétimo desejo é que você pare, absolutamente pare de investir no que não serve mais. E pare inclusive de se contrapor a essas coisas porque a crítica é uma forma de investir inconscientemente. Então deixe para trás o mundo da velha política, dos cinismos das organizações, das articulações maquiavélicas do ambiente de trabalho, das brigas de família (que é a maior das infantilidades) e pare de criticar os outros, inclusive aqueles que estão por aí criticando tudo e não fazendo nada.
Pare. Esse é meu oitavo desejo. Que você pare e não faça nada. Respire um pouco. Aprenda a arte do não fazer. Deixar o celular, a tv, nem livro, nem internet, nem nada. Apenas você com você. Ócio, tédio mesmo. Um pouco dessa parada vai fazer germinar a sua transformação. Vão brotar ideias e ações mais autênticas.
Então o meu nono desejo é que quando a gente se encontrar a gente possa se olhar um pouquinho, sem dizer nada mesmo, apenas sentindo um ao outro. Os verdadeiros encontros não precisam de palavras. Então desejo que quando a gente se encontre, a gente sinta. Cada um sente em si, o que pode sentir do outro. E abertos, aceitando um ao outro, acontecerá o amor. Então desejo verdadeiramente que a gente se ame. E no amor, floresce a alegria de estar junto e daí vem o que há de melhor nos encontros.
E como décimo desejo, eu quero que você olhe as crianças, e sinta-as, e ame-as. E antes mesmo de tocá-las, falar-lhes, bater palminhas ou todas essas coisas do primeiro impulso... você perceba a divindade ali se manifestando na graça dos seus movimentos, na perfeição da sua anatomia, na pureza de sua expressão sem o autocontrole egoico do que os outros vão pensar... e trate de aprender com elas a desfazer as couraças que você lhe impôs pelo desejo de ser reconhecido e aceito e amado por uma sociedade de adultos infantis (portanto doentes). E então aprendendo com as crianças você vai poder falar com elas a partir de um lugar de verdade interior. E também assim vai olhar os animais e as plantas e sentir o mar, e o vento e tudo o que há.
Que você seja feliz nesse caminho. Desfrute. Eu estou aqui desfrutando de tudo isso e te convido a caminhar junto. Com amor.
Amor. Muito amor. Muito muito amor.
Andre Ahlaad
"Após uma forte tempestade, um homem achou pedaços de livros, dentre os quais, uns trechos do que era o Evangelho dos cristãos.
Juntou-os, e assim os leu:
"Olhais os lírios do campo, este é o meu corpo.
Lançai vossas redes ao mar, este é o meu sangue"
E então, o homem, que vivia junto à sua aldeia no interior da floresta, imediatamente ajoelhou-se e, vertendo lágrimas, louvou o seu Deus por ter encontrado escritura tão bela, tão verdadeira."