quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Meu Mundo não é deste Reino.

Um estranho na cidade.
Um estranho.
As pessoas passam, correm, carros, poluição, pescador que pesca sacos plásticos.
Cheiro dos mariscos, não dá pra mergulhar.
Olhos tensos, excessivamente focados nos celulares, onde está o contato? Falta algo, falta vida, falta alegria, falta sentido.
Eu podia estar lá.
A faxineira se dependura na janela, esfrega o vidro do apartamento de frente pro mar. Poluído.
Os meninos da favela gingam e mexem com quem passa. Sem grandes aplausos.
O caminhão. A fumaça negra.
O sol aparece, depois de um dia inteiro nublado.
Ninguém parece notar.
Rei que desfila entre cegos não recebe reverências.
Meu mundo não é deste reino.
Pouco importa se o mundo acabar.
Já está tudo morto na cidade.
A faxineira na janela, mais um dia de trabalho, pra quê? Por quem?
Ela podia estar lá.
O que a prende aqui?
O que me prende aqui?
Se prende se aprende se rende.
Um piche no muro de frente pro mar.
"Sinta a paisagem, não deixe que ela seja banal."
Eu podia estar lá.
Turistas tiram fotos, fotos e fotos.
Correm, carros, poluição.
As pessoas presas no engarrafamento. Ônibus vazios, carros vazios. Tudo parado.
Buzinas e brigas. Olhares tensos.
Paisagem acelerada tão vazia e tão cheia de inutilidades e pessoas mortas.
Eu podia estar lá.

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