quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Interpretando mitos do Candomblé


Ogum repudia Oiá por causa de Xangô

Ogum vivia com Oiá.
Um dia seu irmão Xangô foi visitá-lo
e, na casa de Ogum, Xangô deparou com sua bela mulher.
Voltou para casa atormentado pela beleza que vira.
Desejou Oiá ardentemente.
Não desistia da idéia de possuir a mulher do seu irmão.

Xangô voltou à casa de Ogum
dizendo-se doente, nem conseguia se alimentar.
Ogum acudiu-o e pediu-lhe que ensinasse a Oiá
o preparo do seu prato predileto, o amalá,
que sem dúvida saciaria sua fome e o curaria.
Oiá preparou o amalá conforme ensinado.
Antes de comê-lo,
Xangô pediu a Oiá que acrescentasse um pó,
advertindo-a contudo que não provasse da comida.
Xangô comeu com gula e saciou a fome.
A proibição deixou Oiá muito curiosa

No dia seguinte, Oiá fez novamente a comida,
mas desta vez não resistiu e provou dela.
Disse a Xangô não ter sentido nada especial.
Xangô entregou-lhe o pó para acrescentar.
O pó tinha o poder de botar labaredas pela boca.
Oiá pôs o pó no amalá e comeu dele.
Desde então Oiá tem o poder de botar fogo pela boca.
Ogum, ao ver sua mulher cuspindo fogo,
repudiou Oiá e a entregou a Xangô.
Xangô cinicamente recusou a oferta.
Ogum insistiu para que levasse Oiá dali.
Xangô tinha enganado Ogum.
Xangô levou Oiá para casa,
feliz com sua vitória.

[do livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi]

Começando umas interpretações:

1- Interessante a relação entre doença e as nossas tramas escondidas. Ou seja, quando ficamos doentes é porque queremos algo, mas as vezes não temos nem consciência disso.
2- Escutar os desejos profundos na hora da doença.
3- Curiosidade... transgressão... ultrapassar de limites.

Vamos pensando...

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