Meu psicanalista desconfia que você é uma espécie de delírio meu.
Que você não é real.
Ele quer que eu possa sair dessa invenção e enfim viver o que é real.
Fiquei com vontade de perguntar a ele: Real? O que você chama de real?
Os meus sentimentos não sei em que níveis de realidade existem.
Se alguém já leu a famosa história do aviador que encontra o menino no meio do deserto do Saara, o menino que veio do asteroide B 612 e que foi o único que entendeu de imediato seus desenhos de infância, saberá quão precioso é encontrar alguém como você que sabe o significado de amar além de todas as limitações, além do corpo, além das palavras, além até mesmo dos mais ousados devaneios.
Além do além, tu és, nós somos.
E, no entanto, vives no vermelho. E também no branco. Teu respirar é azul. Teu riso, espontâneo como o de uma criança, é um arco com o qual unes sol e lua. Teu corpo é o meu corpo e é feito de montanhas e vales. Que maravilhoso é o mundo encantado pela tua existência. Tuas águas levam-me a um oceano de doces lágrimas porque contigo até a tristeza é doce. Teu fogo é gostoso, e aninho-me na gratidão ao cobertor e ao escuro da noite. Eu sou teu filho, teu amigo, teu amante.
E meu psicanalista me quer passando fome no banquete comum dos homens deste mundo.
Mas, por sorte, estou preso a buscar a visão de tua face, o sussurro de teu nome, este segredo.
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