quinta-feira, 14 de agosto de 2025

...que eu deixo pra amanhã o que eu tenho pra fazer

Hoje eu sonhei com você de novo.

Pela manhã tive aquele impulso de mandar uma mensagem agradecendo por você estar presente no meu sonho. Por ter me dado a mão. E de como é gostoso (sim, eu usaria essa palavra) ter você do meu lado.

Também uma música me veio à cabeça logo que acordei. Que diz algo como deixa eu cuidar de você que eu deixo pra amanhã o que eu tenho pra fazer.

Aí fui pra varanda pendurar roupa no varal e o sol tava nascendo.

Então comecei a sentir você em mim. É um jeito que sinto que é também um pouco como se eu mimetizasse você. E se eu fosse você? Com seria viver e sentir as coisas como se eu fosse ela? - eu penso. E percebo a realidade maior do nosso encontro. Ele se dá no interior. Ele é só eu comigo mesmo. Você faz acordar algo em mim que é bonito e gostoso de viver. Uma certa forma profunda de sentir as coisas. Silenciosa e encantada.

Se eu mandar a mensagem pra ela vai ser mais do mesmo - pensei - que tal se ao invés disso eu cultivar esse sentimento sem falar nada pra ela? Pode ser que assim eu não dissipe essa presença. Quem sabe até ela lá onde ela estiver vá viver algo também do jeito dela. Quem sabe até ela me escreva.

Resolvi não mandar a mensagem e viver do meu jeito. Hoje tenho terapia então posso falar disso na terapia também. 

Se você estivesse aqui, fico imaginado. Deitaria na rede e ficaria curtindo o dia. Você é daquelas raras pessoas que sabe ficar um tempo sem fazer nada. Contemplativa. É dessas coisas que são meu aprendizado contigo.

Daí adiei a meditação da manhã pra fazer um café e só ficar na varanda vendo a alegria das árvores do quintal recebendo os primeiros raios da manhã. E ver que a terra está mais feliz depois de ter recebido um cuidado que foi remover pedras e peneirar um pouco. Uma flor. 

E também escrever. Porque afinal você é uma escritora. 

Aí eu vim escrever também. E nesse momento as lágrimas começam a descer.

E é bom. 

A conclusão filosófica (sim, o meu eu sem você busca conclusões) é de que a fonte da dor não é o amor, nem sua irrealização (afinal é irrealizável) mas a confusão. Por não ter nome para o que você é e nós somos, meus instrumentos internos de percepção confundem e chamam tudo de uma coisa só.

Deixa inominado, você me diz. 

E assim é. E por isso até hoje eu não sei o seu nome. 

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