segunda-feira, 24 de junho de 2013

João Batista na manifestação do ser humano


Gosto dessa forma que o filme Jesus de Nazaré consagrou João Batista. Um homem cheio de força. Vivendo no deserto, se alimentava de mel e gafanhotos, com roupas de pelo de camelo. Selvagem. Cru. E puro. Seu lema era a justiça, a verdade. Dizia: "arrependei-vos!" Para que as pessoas estivessem leves e pudessem reconhecer aquele que chegaria. Ele anunciava um mais forte que ele. Dizia que não era digno de amarrar as sandálias do que viria. Nesses tempos de manifestações aqui no Brasil, nesses tempos em que voltamos a pensar em mudanças de verdade e vendo que tantos se aproveitam para driblar o certo e a verdade, buscando se dar bem, manipular o povo, manter seus privilégios, ainda ecoa essa voz no deserto: "Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está por vir?" (Mt 3,7). João Batista não temia os poderosos, denunciava sua astúcia, e exigia que o povo também fosse íntegro e não se igualasse aos vencedores de então. Esse o verdadeiro significado do profeta na tradição hebraica: denúncia e anúncio.

Tempos de esperança. Anúncio de nova era. Transformação que se ritualizava nas águas do rio, sob o templo da natureza. Gosto de pensar em você João. Gosto de pensar que estou num caminho de transformação buscando coerência. Gosto da ideia de que preciso me preparar por dentro para ver a pureza do cordeiro, das crianças, dos pássaros, das águas, das pessoas de boa vontade, dos olhos que brilham, da juventude que sonha. Porque sei que minha mente é astuciosa e me engana com argumentos rápidos e lógicos. Rejeito-os. Preciso dessa mudança nas estruturas internas. Creio na revolução que se faz dentro e transborda. De dentro pra fora, um novo homem. Creio que esse tempo está chegando. Mas não ouso gritar às víboras, como tu o fizeste meu amigo, pois sinto-as dentro. Em meu silêncio, caminho internamente, na busca de mim mesmo, ao encontro da minha natureza mais rica e forte, certo de que só assim posso manifestar quem sou. Manifestar o ser humano que sou. Quem serei eu, despido das máscaras que acumulo ao longo dos anos para atender aos apelos do mundo? Quem serei eu, quando me permitir e me aceitar na espontaneidade de mim mesmo, pleno de potenciais únicos? Quem serei então, face a face com minha Realidade?

Oh, voz que ecoa pelos séculos, pureza dos que reconhecem a grandeza dos simples e que são capazes de viver a celebrar sua chegada... Liberdade! Quero a liberdade dos livres dos jaulas invisíveis do desejo de sobrepujar o outro, desejo que corrói e corrompe a alma por dentro da gente, não nos deixando um segundo de paz. Amor! Quero o amor dos que amam porque querem uma integração cheia de beleza e alegria com as pessoas e todos os seres, e não porque estão cheias de fome e sede de algo ou alguém.

Porque a vida pode ser bonita, plena de maravilhas, te agradeço João, o batista.
Porque nos banha nessa água (vida) que nos afasta da ilusão, só me interessa a revolução do amor.

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