domingo, 8 de agosto de 2010

Diálogo com os católicos: o Mistério da Eucaristia


Dialogar com o Catolicismo.
Nas últimas semanas tenho tido um diálogo com meus irmãos católicos. Uma amiga me relatou a beleza do ritual católico a seus olhos...
Muito renovador o diálogo inter-religioso. Vejo uma outra face de Deus... Uma face que me estava escondida desde a infância. Só agora, por exemplo, começo a entender o teatro (no bom sentido!) ao qual todos participamos no ritual da missa.

Confesso que tenho dedicado mais tempo ao estudo dos caminhos da mística oriental.

Mas algo tem me levado a fazer as pazes com o ritual católico. E creio que ontem atingi uma experiência irredutível (É na irredutibilidade da experiência do outro que posso ter uma autêntica experiência de Deus, num terreno fora da minha tradição. É só aí, nessa experiência em outra igreja, com a linguagem - intraduzível - da outra igreja, com a mística da outra igreja é que posso dizer que tive uma experiência de fé, e o início do diálogo inter-religioso no interior do meu coração).

Hoje posso dizer que compreendo um pouco mais a fé do católicos.
Claro que não vou entrar no terreno da Trindade, um terreno espinhoso, senão para os hindus, ao menos para espíritas e muçulmanos.

Fora teólogos racionalistas(!), que mais despertam divergências com a agudeza de seus espinhos.

Porque a semente caiu em terra boa(!), a terra do meu coração aberto a experiência de Deus, ali, no que há de mais sagrado aos cristãos, no mistério maior, no sacramento da eucaristia.

Igreja das Carmelitas, Pouso Alegre, MG. Fim de tarde. Bela música. Alegre coro feminino. Vozes entonado cânticos de amor ao Supremo Senhor Jesus, esposo de Teresa. O amor estava no ar... Em suas vozes, as mulheres senão que amavam, ao menos buscavam amar aquele que muito amou.

Os fiéis estavam mais unidos, havia no ar uma emoção estranha (o espaço fica curvo, as dimensões se cruzam, o ar ganha um peso). Era a preparação para a transformação do pão em corpo e do vinho em sangue que haveria de unir em solidariedade todas as pessoas do mundo. O pão. O pão da vida. O pão repartido. Um gesto único. Um gesto de união. Ali me senti unido a todos aqueles que dependem do alimento da terra. Percebi que era mais um, que não estava só, que estava em comunhão. Belo momento em que eu meditava: o mistério da fé. É isso! É isso que o católico chama mistério. Irredutível a interpretações.

E dali as emoções se confundiram. Ondas de tristeza. Tomai e comei, isto é o meu corpo que será entregue por vós. Tomai e bebei, este é o cálice do meu sangue que será derramado por vós. Foi o que ouvi do concentrado sacerdote.
Por que nós permitimos que Ele fosse entregue e assassinado? Quantas vezes matamos a verdade e o amor ao longo da história? Por que havemos de fraquejar e permitir que o bem seja derrotado? E por que beber e comer esse sangue e corpo de nossa própria desdita? Sinto que a contradição é inerente a esse mistério.

E eis que surge o cântico de esperança, de ressurreição. Sinto-me amado! Ele é maior que nossas fraquezas. E haverá de nos reerguer, do arrependimento, para a conquista, enfim, do Reino da Paz, a Civilização do Amor, que virá.

Em poucos minutos, vivi toda essa epopéia da humanidade. No laboratório de emoções do meu coração, ali estava toda a nossa História. E o símbolo do cordeiro, que um dia acarinhei, manso... falando alto em meu coração. Desperto com o Pai-Nosso em uníssono e forte. Uma história com um final feliz.

Obrigado irmãs, amigos, católicos.
Desejo que vocês sejam bons católicos.
Que vivam essa dimensão de fé, de mistério, de amor, de plenitude de emoções nesse belo teatro da missa, para que voltem ao teatro do mundo a ser instrumento de partilha de pão e amor a todas as pessoas que tem fome e sede. Serão instrumentos do nosso Senhor.

Volto as paredes seguras do meu Centro Espírita, enriquecido com o vosso pão. Graças a esse bendito diálogo.

Só espero que meus irmãos espíritas não me excomunguem por eu ter comungado com vocês.

E espero que vocês não me anatematizem por eu não ter ficado com vocês.
Juntos permitiremos que Ele faça do mundo um lugar belo e de Paz.

A Paz de Cristo esteja com você!

Um comentário:

  1. Oi Primo!

    Fiquei muito emocionada e feliz ao ler suas palavras!

    Falando por mim, acredito que nós católicos perdemos ao longo da vida essas emoções.. acabamos "caindo na rotina" de ir à missa, deixando de lado o real motivo de estar ali.

    Muito obrigada mesmo!

    Estou imprimindo o seu texto para mostrar à minha mãe e à outros!!

    Um grande beijo com saudades, da sua prima que te estima muito!!!

    Maria Rita

    ResponderExcluir