quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Meu Natal é belo e triste.


Ontem vivi o Natal de Jesus. Foi belo e triste.
Rodoviária Novo Rio.
Estava sem dinheiro para voltar para casa.
Tinha R$0,30. Precisava de R$2,10 para pegar o ônibus.
Estava com um livro que havia ganhado de presente de Natal e tentei vendê-lo na livraria. Nada.
Pedi carona aos motoristas de ônibus. Foram 6 tentativas. Todos me disseram que não podiam me ajudar, porque havia uma tal câmera escondida.
Fiquei triste e cada vez ia pensando mais e mais nos milhares de companheiros que não tem nada. Que vivem tendo de pedir tudo.
Minha humildade não era tão grande. Sabia que precisava pedir, mas meu orgulho me impedia.
Então pensei em Jesus. Falei com Ele. E percebi que meu Natal deste ano precisava desta experiência: a experiência dos corações fechados.
Me enchi de coragem e comecei.
Incrível como as pessoas não te olham nos olhos, Senhor.
Impactante ver as pessoas envergonhadas ante a tua presença, Mestre.
Tu és o grande abandonado, Jesus querido, nesta Terra de inidividualismo, solidões, abandono, insensibilidade.
Por que, Senhor, as pessoas não te olham nos olhos? O que trazes de mal para as pessoas fugirem de teu olhar?
Até que encontrei uma seguidora tua, que me deu R$1,00. Que alegria!
Continuei experimentando o teu abandono, Mestre. E via as portas fechadas de Belém ao teu nascimento.
Então um outro homem deu as outras moedas. E tu sorriste para ele.
Fiquei contente porque ainda há confiança e esperança na compaixão. Fiquei feliz porque tudo é de todos, tudo vem de Deus, é possível viver a cada dia seu fardo, porque o Senhor proverá.
Mas eis que ele demonstra sua perda de ternura ao te perguntar: é para o ônibus mesmo né?
Aquela pergunta me fez tanto mal... fiquei pensando na desconfiança, na maldade implícita no olhar. Ele desconfiou de mim...
Ah, Senhor, desculpe a pobre humanidade que te fecha as portas.
Agora entendo, Senhor, porque o Natal é tão triste.
Tende piedade de nossa impiedade.
Perdoa nossa imperdoável miséria: a miséria de não te amar.

2 comentários:

  1. Andre

    Fiquei impressionada e emocionada com sua experiência.

    Uma vez, estava com o Victor ainda bebe, no colo, no Centro da cidade e fui pedir uma informaçao. Era noite e acho que a moça me confundiu com uma pedinte. Ela me olhou assustada e saiu correndo. Eu me senti muito mal e até hoje lembro daquele olhar, um olhar de medo com rejeição.

    É, meu irmão, a vida é um laboratório...

    Bjs

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  2. SIMPLES E IMPRESSIONANTE!BLOGUEI!

    http://confiantenosenhor.blogspot.com/

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