domingo, 26 de maio de 2013

Paradoxos do Sexo e do Amor


Eis alguns trechos do livro "Eros e Repressão: amor e vontade" de Rollo May.

"Por mais que banalizemos o sexo em romances e peças teatrais, ou nos defendamos de sua força, graças ou ao ceticismo ou à frieza, a paixão sexual permanece alerta, surpreendendo-nos desprevenidos a qualquer momento, provando ser ainda o mysterium tremendum.
(...)
O vitorianos não queriam que ninguém soubesse de seus impulsos sexuais; nós nos envergonhamos se não os temos.
(...)
O homem ou a mulher da época vitoriana, quando bem educado, sentia remorso caso experimentasse prazer sexual; hoje em dia julgamo-nos culpados se não o sentimos.
(...)
O que não enxergamos em nosso liberalismo míope com relação ao sexo foi que lançar o indivíduo a um oceano ilimitado de livre escolha não proporciona por si mesmo liberdade. Pelo contrário, é capaz de aumentar o conflito interior.
(...) na nova ênfase sobre a técnica sexual e amorosa o tiro sai pela culatra. (...) existe um relacionamento inverso entre o número de obras de ensinamento prático saídas das gráficas de uma sociedade e o volume de paixão sexual, ou mesmo prazer, experimentado pelas pessoas que as leem.
(...)
Quando deixamos de lado toda a confusão de papéis e desempenho o que permanece é o seguinte: a importância da simples intimidade no relacionamento - o encontro, a crescente excitação que se ignora até onde levará, a afirmação e a doação de si mesmo - tornando memorável o encontro sexual.
(...)
É estranho que em nossa cultura o que constitui a trama de um relacionamento - o partilhar de gostos, fantasias, sonhos, esperanças de futuro e temores do passado - torne as pessoas mais tímidas e vulneráveis que o simples ato de irem juntas para a cama. Desconfiam mais da ternura que acompanha a nudez psicológica e espiritual do que a nudez física da intimidade sexual.
(...)
Em nosso novo puritanismo, má saúde está equacionada com pecado. O pecado significava ceder aos impulsos sexuais; agora significa não encontrar plena expressão sexual. O puritano contemporâneo afirma ser imoral não manifestar a libido. (...) Antigamente a mulher sentia remorsos quando ia para a cama com um homem; agora sente-se vagamente culpada se, após alguns encontros, ainda se nega; seu pecado é 'recalque mórbido', 'recusa de doar-se.'
(...)
Os vitorianos procuravam o amor sem envolvimento sexual. O homem contemporâneo procura sexo sem amor.
(...)
O uso do sexo para provar a própria potência (...) tem conduzido a uma ênfase mais acentuada na habilidade técnica. E observamos aqui um estranho padrão que se anula a si mesmo: a excessiva preocupação com a técnica sexual está correlacionada com a diminuição da sensibilidade sexual. (...) Procurar sentir menos para sair-se melhor!"

trechos extraídos do capítulo 2, Paradoxos do Sexo e do Amor

2 comentários:

  1. pode-se cair num outro extremo, uma anorexia em que se evita o envolvimento até mesmo sexual...já ouviu falar? pode trazer algo sobre isto?

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  2. sofro de bipolaridade, que se manifesta pelo transtorno da afetividade, mas me trato há anos. Meu quadro era muito difícil. Acredito e busco o amor.

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