quarta-feira, 3 de junho de 2020

Uma conversa sobre sexo


Vamos conversar sobre sexo?

Quando adolescentes ficávamos ávidos por adquirir as informações necessárias para saber o que fazer na hora H. Uma espécie de mapa da mina. Algo que nos desse segurança para poder ter uma boa performance, pras coisas darem certo. E uma das informações valiosas é que tínhamos que dedicar algum tempo às preliminares. Depois das preliminares vinha o sexo (como se as preliminares não fossem sexo), e depois sim vinha o ápice, o orgasmo, a felicidade esperada, ou, em alguns mapas, o orgasmo das mulheres, que era uma certa obrigação que a gente tinha que aprender a dar, antes do nosso. Esse era o esquema tático. Saber disso nunca resolveu nada pra mim, que não conseguia estar a sós com ninguém. Eu só ficava no amor platônico, beijando o espelho, treinando para quando chegasse a hora.

Nessa nossa conversa eu não vou fazer uma palestra sobre sexo. Com definições e teorias e também não vou te dar o mapa da mina. Vou contar alguns momentos da minha história. Mas se eu contar uma história cronológica isso não seria verdadeiro. Os fatos que vou narrar aqui pra você, e os sentimentos que experimentei, vou trazê-los a partir de quem sou hoje. Assim como toda história, é uma história do passado à luz do presente. E nesse momento estou trilhando os passos da jornada da travessia com a Ana e todo o grupo, nos campos saúde, educação e trabalho. Mas apesar dos temas balizadores serem esses, as conversas tocam em dimensões muito profundas e eu gostaria de partilhar com você sobre onde mergulhei no meu passado sexual.

Minhas experiências sexuais. Estou olhando para elas não com o intuito de entender quem eu sou hoje, o que aprendi, como me desenvolvi. Estou olhando para mudar meu olhar, mudar as narrativas. Aquilo que eu via, posso ver diferente. Sair da mente dualista e entrar na mente paradoxal... se esse é o caminho que aparece hoje como integração das polaridades e abertura para o novo, como é olhar para o passado, ver as dualidades que eu sentia à época e integrá-las? Isso abre campo para algo novo, agora, em mim. Sim. Um processo digamos assim: uma cura do passado que cura o presente.

Na verdade não há um passado lá atrás.
São como círculos, um dentro do outro.
Camadas de uma mesma realidade.
O amanhã, o hoje e o ontem coexistem.
Quando eu mudo hoje, muda meu passado e muda meu futuro.
E os círculos não são só meus...
Meus círculos se ligam aos seus e ambos se integram num círculo maior...
que por sua vez se insere e se relaciona com círculos ainda maiores.
No sistema vida, estamos em sistemas comuns, e assim, quando transmuto algo em mim, isso muda também você, e altera o nosso mundo.
E, pra falar a verdade, não sei quando é que eu mudo mudando o mundo ou quando é que eu mudo porque o mundo mudou. Quem saberá?
Por isso qualquer mudança que você possa ter lendo esse texto, não é uma mudança que aconteceu em mim que vai impactar em você. Possivelmente já é algo que aconteceu em você que agora está impactando em mim e nos retroalimentamos de mais e mais abertura e consciência.

Tempo cíclico. Numa dessas manhãs de jornada, comecei o dia fazendo a prática conduzida pela Ana sobre os ciclos. (essa prática está descrita no texto "Transmutações à beira do mar"). Os ciclos da respiração, do tempo, os dias, meses, anos, os setênios, o ciclo de vida e morte, gerações... visualizei o mar e respirei suas ondas... e assim continuei em silêncio, sentado, deixando vir algo. Vieram meus ciclos de estudo e trabalho. E aí depois me perguntei: por que o foco na profissão é o primeiro que me vem?

E aí se abriu um outro tipo de ciclo, as etapas de caminho espiritual e autoconhecimento, os grupos que frequentei, os processos, os aprendizados. Daí resolvi revisitar as relações íntimas. Relembrar todas as pessoas por quem já me apaixonei. Desde a primeira menina que eu quis dançar na festa junina da escola, aos 5 anos de idade,... até minha atual companheira. Todas. Não só aquelas com quem me relacionei, mas as que sentia atração. O que tinham em comum?

E fui vendo esses ciclos da vida. Tanta mudança, tanta repetição. Fiquei vendo a circularidade das coisas. Por que procuro alguém? O que é isso que em alguns de nós nos leva a buscar o outro?

Essa é a preliminar da nossa conversa. Creio que estamos devidamente aquecidos para começar a próxima parte. Topa?

Vou contar pra você alguns momentos que se apresentaram como marcantes e o que foi que fiz, agora, como processo integrador. Estou aqui, aos 41 anos de idade, com uma filha de 4 anos ao meu lado nesses dias. E especialmente nesses processos minha filha foi me dando algumas respostas que me ajudaram a pontuar esse exercício. Acho que não foi nada casual, esse encontro de gerações, de vidas, da possibilidade de estar aqui com essa menina, que veio de um ato de amor... e sexo.

A lembrança mais forte foi lá da adolescência, por volta dos 15 anos, quando eu ia pra casa de uma mulher mais velha, junto com meu amigo que já citei aqui num outro texto. Íamos lá para uma festinha, onde se reuniam algumas pessoas amigas... ela tinha um filho de uns 7 anos, ela devia ter uns 30. Na sua casa, íamos a noite para curtir, ouvir música, beber... e flertar. Ela e meu amigo tiveram um relacionamento longo depois.

Uma vez, numa dessas noites que acabávamos dormindo lá, ou por ficar até bem tarde, nos deitamos nos colchonetes no chão e ela veio se deitar do meu lado. Nossos corpos se tocaram. E ela foi acariciando meu corpo. Era bom sentir o toque suave de seus dedos. Minhas emoções iam às alturas com todo o misto de prazer e ansiedade. E aí, num determinado momento o prazer foi crescendo, crescendo e tive uma ejaculação. O que era bom foi suplantando pelo sentimento de vergonha. No mapa da mina que eu tinha recebido, ejaculação tinha uma hora certa de acontecer. Não contei pra ela. Fui dando um jeito de esconder meu corpo e, por isso, fui me afastando. De algum jeito ela aceitou o fato e se afastou. (Ao longo da vida pude ouvir a dor de tantas mulheres que passam por isso e começam a pensar que não estão sendo suficientemente desejadas, mal sabem elas que, na verdade, são muito desejadas mas é que o homem está inundado de seus fantasmas internos e, por isso, não pode estar com ela ali de igual pra igual. Seria bom que elas soubessem que por trás da recusa de um homem não há desprezo, mas medo. Mas o fato é que as mulheres também estão ali cheias de seus fantasmas. Então, em geral, como ouvi mais tarde, no ato sexual são sempre quatro pessoas: os dois, mais o fantasma de cada um. Interessante como que o que sustenta a desconexão na relação é o mesmo que sustenta a guerra dos sexos: ou eu escondo as minhas fragilidades, ou não vejo a fragilidade do outro, o que é a mesma coisa).

Que me lembre, essa foi a primeira vez. Depois foram inúmeras situações que eu encarava como fracasso. Carreguei isso pela vida. Esse medo da tensão da relação. Minha história sexual foi marcada por essa emoção. Atualmente falamos tanto de abuso. Será que uma mulher mais velha com um menino é uma forma de abuso? Meus pais, eu sei que não gostavam muito que eu fosse lá, alguns amigos deles diziam que ela não era uma boa amizade. Mas acabaram deixando. Afinal, no patriarcado, não é tão grave assim. Se fosse um homem de 30 iniciando sexualmente uma menina de 15 o que sentiríamos? Certamente os pais não deixariam.

Estou aqui com essa memória e começo a olhar o passado trazendo as polaridades que vejo para mim para, então, integrá-las em mim. E vou integrando todas os sistemas: a peste emocional da humanidade, o patriarcado, etc. Olhando para a atitude dela, como eu a julgo? Imatura. O contrário de imaturo: maduro. Então olho para mim e vejo: tem maturidade e imaturidade em mim. E percebo que ambos existem em mim. Atitudes maduras, atitudes imaturas. Ao mesmo tempo sou maduro e imaturo. Afirmo: "abro mão de ser maduro." Sinto arrepio do alto da cabeça até o coração. Sinto um calor no coração. E aí sim olho para ela e o que vejo, o que sinto? Sinto amor, gratidão. Me vem a pergunta: que fragilidades eram as dela que encontraram as minhas? Não sei explicar exatamente. Foi o que foi. E tenho gratidão pelo caminho.

Num outro momento sentei na rede aqui de casa que fica embaixo da casa da árvore. Revisitei a cena e olhei para mim. Olhando para a polaridade fracasso/sucesso, vendo como ao longo da adolescência eu queria colocar minha vida sexual nas mãos de uma pessoa experiente que me ensinasse. Eu, que treinava o primeiro beijo no espelho para saber como é e não passar vergonha, ficava sonhando que alguém viesse e me tirasse daquela vergonha de não saber. Que me ensinasse. E quando isso finalmente aconteceu, na casa dessa mulher, fiquei tão envergonhado que não me abri. Guardei como um segredo meu.

Iniciadores/professores: querem ensinar as pessoas.
Companheiros: seguem junto, admiram o seu processo, deixam você dar os seus passos.

A vida de um iniciador é o inferno de querer fazer com que as pessoas pensem igual a ele, que tenham as mesmas experiências. Se funcionou comigo vai funcionar com você. Querem seguidores.

Como é ser simplesmente você e deixar que o outro siga o caminho dele?

Fiz então o mesmo exercício de integração olhando para mim mesmo nessa polaridade de me sentir imaturo em busca de um iniciador. Sou o imaturo e o inciador... percebi ambos em mim. O que tem vergonha de não saber e o que, impacientemente, quer ensinar. O que me veio dessa integração?

Um sentimento de que não quero ensinar. E de que não preciso que ninguém me ensine.
E um reconhecimento de que também não estamos sós e é bom ter uma presença humana presente em nossos passos.

Integrei medo e coragem. E pude ver com clareza que a aventura do desconhecido nunca é sem emoção. O surfista não deixa de ter emoção a cada onda, ainda que tenha passado anos surfando. O ator não perde a emoção de subir no palco, especialmente na sessão de estreia, mesmo que tenha anos de experiência. O escritor sente as dores e as delicias de escrever um texto novo, que se cria ao longo da escrita. Com o sexo não vai ser diferente. Haverá sempre a tensão do desconhecido. Assim o amor... a aventura do encontro. Aventurar-se no território do outro. Sempre desconhecido.

Nessa hora, quando estava nessa alegria de olhar a vida como vida... minha filha que estava com as outras crianças ali em cima da casinha me pede ajuda para descer. Ficou com medo de descer a escada. Medo da escada, medo da altura. Ela já tinha descido sozinha outras vezes. Entendi que seu pedido de ajuda tinha a ver com meu processo. Fui lá. Ela me pediu para pegá-la no colo.
Eu falei: estou aqui, posso te ajudar a descer, não precisa ir no colo, você consegue, se precisar te apoio. E ela veio com suas próprias pernas. Só com a qualidade de presença que eu levei.

Minha história de vida seguiu nessas experiências que eu via como insucesso. Fiquei esses dias aqui revisitando algumas delas. Não vai dar pra contar tudo. Lá pelos 20 anos me casei e com a intimidade fui encontrando caminhos de, na parceria, prolongar a relação sexual. Foi o caminho que encontramos. Envolvia controle. Às vezes flui bem, às vezes eu "perdia o controle". Isso não era muito bom, mas era bom também de alguma forma. Esses conflitos também reverberavam na vida de casal e vice versa. Ficamos juntos 12 anos e depois da separação, lá pelos 32 fui conhecer as meditações ativas do Osho num grupo de terapia corporal e aí, foram dois anos de muitas transformações (o termo tântrico é e não é apropriado, imagina que Dalai Lama é tântrico e isso não tem muito a ver com as massagens orgásticas) Me lembro na primeira massagem "tântrica" quando conversei com a terapeuta sobre meus medos de ejacular antes da hora ela, imediatamente, me perguntou: tem hora certa? Fiquei com essa pergunta... 32 anos pra começar a me perguntar que história é essa de certo e errado em matéria de sexo. Foi muito libertador.

Mudei completamente a relação com meu corpo. Muitas pequenas questões iam aparecendo e aos poucos se dissolvendo. Nem dá pra listar tudo.

Isso que falamos sobre observar, sentir, não ficar no controle, nem busca de garantias e finalidades... como é isso tudo ligado ao sexo, às sensações genitais, essas coisas que ninguém falam? A excitação, especialmente a ereção, é, junto a outras funções corporais, algo que está fora do controle da vontade consciente. Alguns homens passam anos aprendendo a controlar. Como é mais fácil e mais potente abrir mão do poder de controle e simplesmente sentir e observar. E como o orgasmo é tanto mais potente e prazeroso quanto mais se observa e menos se controla... Tudo mudou para mim. Só entender não seria suficiente. Os processos corporais foram essenciais no meu caminho.

E a gente começa a ver o mundo com outros olhos. É conhecida a tragédia sexual da vida de Mussolini. Por trás de cada ditador (de cada político em busca de poder) há uma dor de seu fracasso sexual. A noção de disfunção sexual se amplia. A desconexão que vivemos em sociedade aparece lá, no ato. E temos a disfunção política, disfunção social, disfunção econômica... ou você acha que a tragédia social que vivemos não teria ressonância na vida afetiva?

A noção de sexo mudou completamente. Performance é substituída por naturalidade. Eficácia pelo simples sentir. A imaginação cede lugar ao corpo. A velha noção de ativo e passivo deixa de fazer sentido. O ato sexual pode ser vivido com dois passivos, ambos receptivos ao que sentem e movimentando-se a partir de suas naturezas e não por gestos mentais pré-planejados. Ainda assim, mesmo entendendo sobre, não é coisa que se domine, que se elimina a tensão. Mas se vive ela, e o prazer é feito disso. Como a aventura no desconhecido. Por isso olhar a minha sexualidade não é para "resolver" algo.

Aqui estou retomando a pesquisa sobre mim mesmo. Acho que as marcas psíquicas que atuavam em mim lá no início da história ainda estão, de algum modo, presentes. A mesma pressão sexual que senti, sentia e sinto é a pressão que sinto ainda hoje nas relações com os outros. Adquirir alguma experiência não resolve, não garante nada. A tensão permanece. Quanto me deixo determinar pelo que vem de fora? Quanto o outro ainda é grande demais para mim? Estou olhando tudo ao mesmo tempo. Nos ciclos da vida. O retorno. Está retornando aqui pra mim um olhar pra tudo isso. E escrevo porque sei que você tem uma história diferente mas que toca na minha.

O ciclo. O tempo. Em que ciclo e tempo de sua jornada essa história chega pra você?

Antes de terminarmos, quero contar um outro momento que tive aqui. Estava com minha filha em seu quarto e ela estava brincando com um amigo, via internet. Houve um momento que eles continuaram brincando sozinhos, nem se falavam, mas só de saber que o outro estava ali dava o chão para brincarem sozinhos. Então percebi uma calma no ambiente e recomecei a fazer meus processos. Sozinho também, com papel e lápis na mão. Três pessoas juntas e sozinhas. Muito bom.

Olhei de novo para trás e vi o quanto eu me sentia inibido e como essa inibição me atrapalhava. Qual o oposto? Desinibido. Então trouxe pro agora e vi inibição e desinibição ambas em mim. Vi o lado bom de ser inibido (guardar segredo), o lado ruim de ser desinibido (chatear os outros). Então afirmei: "eu abro mão de ser desinibido". E senti muita intensidade e fui olhar para o menino de 15 anos ... o que eu vejo: eu sou mais um cara. Sem julgamento.

Neste exato momento minha filha vira do nada e me diz:

"Dá um medo de morrer, né?
E eu, diante daquela pergunta tive facilidade em simplesmente responder:
"Sim"
"Você também tem medo de morrer? Um medão, né?"
"Sim"

E seguiu com suas brincadeiras.
Fiquei impressionado como a integração de processos são uma forma de morte.

Olhei de novo para minha história. Como eu fiquei sozinho, guardando meus fantasmas pessoais. Que solidão terrível, pesada. Qual o oposto da solidão? Estar com alguém. Vi como estão juntas em mim a solidão e o estar com alguém. Anotei no papel o bom da solidão (poder me singularizar/ser livre) e o ruim de estar com alguém (ficar refém). Daí fiz mais uma degrau. Qual o ruim de me singularizar (sentir a incompreensão) e qual o bom de ser refém (uma certa liberdade, da servidão voluntária, sabe? quando você não é o chefe dá uma liberdade de só cumprir ordens... e ainda poder falar mal do chefe).

Percebi como liberdade aparece nas duas colunas. E estar sozinho e estar com alguém são polaridades que estão na minha vida, e de todos.

Por que procuro estar com alguém?

Que busca é essa que no fluxo da vida gera filhos?

E o que nossos filhos nos trazem?

E o que somos agora?

Em algum momento da meditação da manhã me veio a morte.

E a morte chega minimizando o que parece grande. O que era imenso de repente se torna nada. Corta. Corta. Volta o silêncio. Corta como com uma espada que na mitologia hindu é representada pela história de Kali. Revisitei essa grande integradora de todas as coisas. Comecei a voltar a um passado no tempo histórico da humanidade e quando estava muito lá atrás...

De repente, minha filha acordou no quarto ao lado e veio brincar comigo. Perfeito. A melhor forma de voltar ao presente. Olhando cara a cara para o outro ciclo da vida aqui que estou vivendo com ela.



* * *

Dias depois recebi uma carta. Dirigida ao menino que fui. De autoria anônima. Ela diz assim:

Carta de uma mulher a um menino

não, menino, você não precisa aguentar isso tudo dentro de você. a gente tá criando forças pra falar, pra não ocultar os abusos que sofreu ao longo da vida, mas você segue em silêncio. ser socialmente forçado e por alguém levado a se relacionar com uma mulher quando se é ainda uma criança ou adolescente pode ser um abuso. mas você nem pensa nessa possibilidade porque você é homem, você tem que querer sempre, em qualquer oportunidade. você pensa que foi só uma aventura e vários homens que você conhece já viveram a experiência, então deve ser só a maneira normal de iniciar sua vida sexual. mas é bem provável que ele, em quem você confiou e te levou a esse lugar, também estivesse perdido e escondera um monte de coisas em nome de ser um pretenso homem. um dia o mesmo aconteceu com ele - e eu não sei, mas imagino o quanto isso deve ter doído.
não, menino, você não precisa se agarrar à raiva para se manifestar diante de tanto medo, de tanta dúvida, de tanta, mas tanta tristeza.
não, menino, você não precisa calar seus pensamentos que não param. não precisa se calar se tem tanta coisa na sua mente que ficar sozinho em silêncio é ensurdecedor.
não, menino, você não precisa fingir ser bem resolvido, tentar parecer ter a auto-estima lá em cima se você na verdade não se sente bem consigo. se dê oportunidade de assumir a verdade e entender de onde vem esse medo de não ser suficiente.
não, menino, você não precisa ficar assediando as mulheres que parecem entrar num certo padrão só pra dizer que você tem coragem, que você está sempre pronto.
não, menino, você não precisa tratar as mulheres como um objeto que você pode tocar e tratar como desejar para reproduzir e se vingar daquilo que você viveu sem no fundo querer.
não, menino, você nao precisa provar pra ninguém, e nem pra você mesmo, que você dá conta de tudo sozinho.
não, menino, você não precisa engolir o choro guardado há tanto tempo.
você pode chorar, você pode falar, você pode mostrar a sua vulnerabilidade, você pode sentir o que for. você pode.
você pode se relacionar com seus amigos, com as mulheres, com sua família com sinceridade. você pode acolher o menino dentro de você e ser um homem sem precisar ser nada e podendo ser tudo - preferencialmente exatamente quem você é, uma contenção singular de um vazio de muitas possibilidades. e ser você é suficiente, acredite.

2 comentários:

  1. Maravilhoso André!!! Chegou aqui na hora exata... gratidão!

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  2. André, leio tuas reflexoes e historias e tenho a impressao que vivemos uma vida ressonante paralela. As experiencias sao muito semelhantes assim como as percepcoes delas. Me da força e material pra fazer esse mergulho tb aqui do meu lado. Um forte abraço irmao.

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