quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Educação, Espiritualidade e Sociedade




NOVA TURMA DO CURSO EDUCAÇÃO, ESPIRITUALIDADE E SOCIEDADE

ESTÃO ABERTAS AS INSCRIÇÕES PARA A NOVA TURMA DO CURSO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA     EDUCAÇÃO,  ESPIRITUALIDADE  E  SOCIEDADE - UFF - 2013


AS AULAS SERÃO AOS SÁBADOS, das 8 às 12 horas.
BLOCO D - FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CAMPUS DO GRAGOATÁ - PÇA SÃO DOMINGOS - NITERÓIS

INÍCIO DAS AULAS:   DIA  2   DE MARÇO  

CONCLUSÃO:  15  DE  JUNHO

GRATUITO

INSCRIÇÕES:

- ATRAVÉS DOS TELEFONES:  2629 2665  (horário  comercial)    9372- 9675.
- ATRAVÉS DOS E-MAILS:  
espiritualidadeeducacao@gmail.com
paradafilho@gmail.com
DESCRIÇÃO


A virada do milênio marcou a exigência de novos paradigmas para a vida em sociedade e a produção do conhecimento que valorizem as múltiplas dimensões do ser humano tais como a sensibilidade, a criatividade, a afetividade, a intuição, e a busca de transcendência. Tudo isso para além das religiões organizadas.
Para um novo modelo de ser humano e de sociedade é necessário construir um novo modelo de formação de educadores.
Este é um curso de formação de educadores que, ao pautar-se na espiritualidade, visa o despertar da consciência humana para as relações transcendentais do ser humano com Ele mesmo, com o Outro e com a Natureza.

“O trabalho da educação, sejam quais forem suas modalidades particulares, representa, acima de tudo e no fim das contas, um trabalho de nós próprios sobre nós próprios”.
 (Georges Gusdorf: Professores para quê? Para uma Pedagogia da Pedagogia, p. 61).
“O objetivo da educação consiste em que o homem alcance a unidade na verdade. Antigamente, quando a vida era simples, todos os vários elementos do homem estavam em completa harmonia. Porém, quando o intelecto divorciou-se do espiritual e do material, a educação nos colégios concentrou todo o seu empenho no intelecto e no aspecto físico do homem.
(Rabindranath Tagore: Meditações, p. 62).
" Para mim, seria inútil ensinar os meninos a dizer a verdade se eu fosse um mentiroso. Um professor covarde jamais conseguirá tornar valentes os seus discípulos, e um desconhecedor do autocontrole não passará para seus alunos o valor da autodisciplina. Vi, portanto, que precisaria ser um eterno objeto-lição para os meninos e meninas que viviam comigo."
(Mohandas K. Gandhi, Autobiografia, p. 294)

visite-nos através do blog: http://espiritualidadenaeducacao.blogspot.com.br/

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A Terra Pura do Coração


Olhando a vida ao nosso redor e buscando uma espiritualidade que nos traga um sentido de vida, é comum oscilarmos entre o amor ao mundo e um certo desprezo por ele.
As vezes vivemos momento de encantamento com a vida. Tudo é belo e nos inspira: a lua, os pássaros, as árvores, o céu azul, as crianças, as atitudes cotidianas de solidariedade, a música...
Outros momentos de injustiças e pequenas mesquinharias humanas nos fazem achar que só há saída em outro mundo, outra vida. E este mundo parece absolutamente perdido em suas teias de sofrimento.

Hoje estive lendo sobre a escola budista da Terra Pura. Eles crêem na invocação do Nome do Buda Amida, e esperam assim, após a morte, renascer na Terra Pura, governada e criada pela mente deste ser de Luz Imensurável. Lá sim, será a terra sem sofrimento e estarão a um passo da purificação total. Assim como os rios que fluem para o mar, não o temperam, mas são temperados por ele, aquele que nasce na Terra Pura (Sukhavati) não a degenera, mas é purificada por ela.

Mas eis que, quando minhas esperanças para este mundo estavam secando, surge essa história, que, mais uma vez, nos remete à possibilidade de pureza e felicidade já aqui, neste mundo. Tudo depende de quem vê, o poder está no olhar.

O Buda Sakyamuni está conversando com Sariputra.
E Sariputra olha o mundo e diz que vê essa terra "como se estivesse toda cheia de esterco".
Sakyamuni responde que as impurezas que Sariputra vê são decorrências de sua mente impura. Ele toca o solo com o dedo do pé e faz com que a terra se "transforme numa massa enorme de pedras preciosas."
O Buda pergunta se ele vê a transformação. Quando Sariputra responde que sim o Buda Sakyamuni lhe explica que o mundo humano é sempre assim e que os "seres vivos nascidos no mesmo campo do Buda vêem o esplendor das virtudes dos campos dos budas de acordo com seu próprio grau de pureza."

Felizes os que tem puro o coração!
"A Terra Pura nada mais é que nosso coração puro!"

trechos extraídos do livro: "A espiritualidade budista", organizado por Takeushi Yoshinori, no artigo sobre a Devoção da Terra Pura, escrito por Roger J. Corless


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O espinho na carne


"Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar." 2 Coríntios 12:7

Desde o início de meu caminho espiritual tive contato com esse relato de Paulo de Tarso.
Em sua carta ele vem falando de grandes revelações, grandes feitos espirituais. Fala de um homem que foi levado aos céus, no corpo ou fora dele, não se sabe, e ouviu maravilhas, palavras inefáveis, que não é lícito aos homens repetir.
E essas vivências são mesmo muito especiais, muito bonitas. São o prazer celeste que na vida, podemos experimentar de forma muito rara.

Quando começa a nossa prática espiritual, especialmente quando nos reunimos para vivenciar o amor, e antegozar um mundo melhor, nossa felicidade é imensa.
Isso acontece quando nos unimos nos trabalhos pela fraternidade, nos encontros e retiros que fazemos em grupo, e mesmo, em alguns momentos de oração pessoal.
E então nos sentimos cheios de força, plenos do poder do amor (cheios da Graça, para usar uma expressão tradicionalmente cristã) e ficamos questionando por que o mundo ainda não é melhor, com mais compreensão, mais amor, mais amizade.

Nos sentimos separados do mundo. Nós, felizes, potentes, no caminho da santificação, eles, sofredores, fracos e perdidos.
E aí, eis que de repente nos abatem os males da alma.
Tristeza, angústia, uma inadequação ante ao mundo, a perda súbita de sentido, o vazio, os desejos sensuais que parecem nos emaranhar de volta a materialidade da vida. E parece que voltamos atrás. É como se nada do que alcançamos tivesse valor.

Nessa hora dá vontade de desistir de tudo. Entramos em crise.
Como tudo é tão transitório, o bem de ontem já chegou ao fim e eis-nos de volta a roda do sofrimento. O sofrimento interno.

Nessa hora precisamos buscar ajuda junto aos mestres espirituais, aqueles que trilharam o caminho espiritual e podem iluminar a estrada.
E foi nesse contexto que encontrei Paulo de Tarso. E ele nos diz de um espinho na carne.
E compreende essa volta da dor, como um gesto de misericórdia de Deus.

Porque não somos só luz, temos ainda sombras em nós. (Daí a ação de Satanás, na linguagem de seu tempo). E quando caminhamos para a luz, eis que as sombras aparecem. E isso é bom, e devemos nos alegrar. Porque é sinal de que estamos caminhando no rumo certo e porque é assim que evitamos cair no maior dos riscos: a vaidade espiritual.

É justamente para evitar que eu caia na vaidade de me achar já muito elevado e evoluído que ele permite que eu experimente minha real condição. Para que não me julgue à frente de meus irmãos eis que o Senhor se compadece de mim, e permite essa tortura, essa angústia que é viver a tristeza. E toda a confusão se instala em mim novamente. E me percebo igual a todos. Não sou melhor do que ninguém.

"Não julgueis para não serdes julgados" (Mateus 7,1)
E a continuidade é: "pois com a medida com que medirdes, sereis medidos." (Mateus 7,2)

Portanto, podemos compreender o verdadeiro sentido de seguir o Cristo.
É compreender na minha dor, a dor do mundo.
Em minha angústia, o vazio de sentido de todas as pessoas que sofrem.
Vivo, e o mundo inteiro vive em mim.
Eis a comunhão, a compaixão plena.
Aceito a dor, para me irmanar aos meus irmãos.
E quanto mais luz, mais escuridão.
Quanto maior a altura, mais me rebaixarei.
Quanto mais experimentam Deus, mais vazios se sentem.
Isso relatam os místicos, que nos inspiram a continuar seguindo a trilha.
Estão morrendo para si mesmos (é a morte do ego).
Para renascer no Outro (é a vida do Self).
É nessa grande contradição que vivemos em busca.
Uma busca infinita até que se realize a plena comunhão, a iluminação.
Que Paulo expressou assim:
"Já não sou eu quem vive, é o Cristo que vive em mim" (Gálatas 2,20)

Que você continue a seguir o Mestre, certo de que :
"Aquele que perseverar até o fim será salvo" (Mateus 24,13)

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Somente o que trazemos no coração...



Minha mente pronuncia Rama, mas muitas vezes em meu coração ecoa: Ravana. E volto a silenciar.

É Gandhiji quem conta:

"Hanuman abriu as contas do colar com que Sita o presenteara para ver se o nome de Rama estava inscrito em seu interior. Alguns cortesãos, que se consideravam inteligentes, perguntaram-lhe por que demonstrava tal desrespeito ao colar. Hanuman retrucou que, se nas contas não estivesse gravado o nome de Rama, todos os colares que Sita lhe dera seriam um fardo. Os sábios da corte, sorrindo, indagaram se o nome de Rama estava gravado em seu coração. Hanuman desembainhou seu punhal e, rasgando o peito, disse: - Olhem: digam se vêem aqui dentro algo além do nome de Rama. - Os cortesãos sentiram-se envergonhados. Caiu do céu sobre Hanuman uma chuva de flores e desde esse dia seu nome é sempre invocado quando se recita a história de Rama.
Esta, que pode ser apenas uma lenda ou a invenção de um dramaturgo, tem uma moral válida para todos os tempos: somente aquilo que trazemos no coração é verdadeiro."
- do livro "A roca e o calmo pensar", p. 180 e 181 de Gandhi.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Os milagres não planejados


Ontem voltando de viagem, chego na rodoviária Novo Rio, uma e meia da madrugada, e sinto aquele clima tenso, muitos taxistas e papagaios de vans gritando, te chamando. Além dos meninos de rua que ficam ali no entorno.
Eu vinha de um dia de aula muito tranquilo e zen: estudamos sobre budismo e o seminário de nossa aluna foi simplesmente uma vivência cheia de entusiasmo que nos emocionou a alma.
Chegar no Rio assim, é meio tenso. Ficando ali dentro ninguém te aborda. Eis o segredo.
Até que chegou meu ônibus. 178.
Fui a passo largo. Um menino me disse bom dia, já pronto para um pedido e eu disse bom dia de volta sem dar atenção.
Subo as escadas do ônibus e um outro menino me pede um real.
Fico ali na escada do ônibus, em fila, exposto, olhando para ele.
Eu digo: não posso te ajudar.
Ele insiste: um real, um real, só um real (está em transe de abstinência).
Eu digo: não posso te ajudar agora.
Ele pergunta: o quê? (provavelmente é a primeira vez que respondem olhando no olho e ele quer entender o que eu estava dizendo)
Eu repeti: hoje não posso te ajudar. Amanhã!
E entrei no ônibus. Seguro. O medo, correndo em meu corpo. Seguro estava dos perigos de fora. Mas não dos perigos de dentro.
Eu disse amanhã. Em voz alta e o eco ficou em minha mente. Amanhã... Como? Teria eu mentido? Como dormir tendo mentido?
Eu sabia que teria de ir na rodoviária no dia seguinte, mas como eu iria encontrar o menino? Que garantias tinha de que esse menino estaria lá.
E fui pra casa com esse péssimo sentimento: ao tentar ser gentil, falar olhando no olho... com esses meninos nesse estado não dá para ser bonzinho e justo, honesto, verdadeiro ao mesmo tempo. Traí a verdade e não fui nem justo nem bom.

Dia seguinte, hoje, no trabalho com população de rua, levo alguns companheiros para pegarem ônibus para suas cidades natal.
Uns vão para Paraty, outro Recife.
Tudo resolvido, amigos embarcados, sento para comer e pensar no que fazer.
Voltar para casa? É o caminho do embarque onde pego os ônibus amarelos.
Ir para Tijuca, cortar o cabelo? É o caminho do desembarque, pegar o 606.
Ligo para o salão. Ocupado. Como ir ao salão sem marcar? E se estiver lotado?
Estranhamente resolvo ir para a Tijuca assim mesmo, na aventura. Qualquer coisa passeio um tempo por lá.
Saio da rodoviária indo na direção do 606. E ali, milagrosamente, quem eu encontro?
Já tinha esquecido completamente da promessa.
Mas ele estava ali. O mesmo menino. Com 3 amigos. Todos doidos. Olho para ele e pergunto: "lembra de mim? Ontem eu dise que não podia te ajudar mas que te ajudaria hoje. Dinheiro eu não dou mas vamos ali que vou te comprar um lanche." E ele levou uma coca de 600ml, mais um biscoito cream cracker (que ele escolheu!) mais uns doces e uns pingos de leite.
E disse: Escolhe aí e toma esses docinhos, pois Deus quando dá, dá em abundância.

Certo de que foi presente de Deus a mim também, saí confiante nos caminhos não planejados.
Feliz com mais um milagre das coicidências.
Quem está no controle das coisas?