domingo, 15 de maio de 2016

A oração vem antes...



Não me surpreende que você não tenha compreendido a profundidade do ato de orar e que você não tenha conseguido aprender como chegar a essa atividade perpétua. Na verdade, muito é preconizado sobre a oração e existem a esse respeito diversas obras que foram escritas recentemente, mas todos os julgamentos de seus autores estão baseados na especulação intelectual, nos conceitos da razão natural e não na experiência alimentada pela ação. Eles falam mais sobre os atributos da oração do que sobre a sua essência. Um pode explicar muito bem por que devemos orar; outro fala do poder e dos efeitos benéficos da oração; um terceiro, das condições necessárias para bem realizar a prece, ou seja, é preciso ter zelo, atenção, calor, do coração, pureza de espírito, humildade, arrependimento para realmente podermos começar a orar. Mas raramente encontramos pregadores contemporâneos que falem sobre o que é a oração e como podemos aprender a orar - essas questões essenciais e fundamentais -, pois essas questões são mais difíceis de serem dadas do que todas suas explicações; elas pedem não um saber escolar, mas um conhecimento místico. E, o que é ainda mais triste, essa sabedoria elementar e vã faz com que meçamos Deus através de medidas humanas. Muitos cometem um grande erro ao pensar que os meios preparatórios e as boas ações engendram a oração, quando, na verdade, a própria oração é a fonte das obras e das virtudes. Eles confundem os frutos ou as consequencias da oração com os meios para chegar até ela, diminuindo assim sua força. É um ponto de vista completamente oposto ao da Escritura: "Antes de tudo, exorto a que se façam orações, pedidos, súplicas e ações de graças por todos os homens" (1Tm 2,1)

Trecho do livro: Relatos de um peregrino Russo. Anônimo do século XIX.

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