segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Não pensar mais em superioridade

 

Eu vou te confessar um pano de fundo que tá na minha mente. Quando li a vida de Swami Vivekananda, sua passagem pela pobreza, depois sua jornada pela Índia e suas falas sobre a Força e Libertação do povo... Me veio uma pergunta fulminante : se Vivekananda nascesse no Brasil e estivesse adulto agora entre nós o que ele nos diria sobre tudo isso que estamos vivendo? Quais seriam suas palavras para acordar nosso Espírito como povo? Isso tá virando um programa de pesquisa pra mim.

Olha isso:
"Que os latino-americanos em geral e os brasileiros em particular tenham se deixado e ainda se deixem, até os dias de hoje, colonizar com uma concepção racista e arbitrária que os inferioriza e lhes retira a autoconfiança e a autoestima não é apenas lamentável. É uma catástrofe social de grandes proporções. Como as ideias são fundamentais para a ação prática, jamais seremos um povo altivo e autoconfiante enquanto permanecermos vítimas indefesas desse preconceito absuro" Jessé Souza, p. 24. Sobre a construção do paradigma culturalista conservador.

E agora isso:
16 de julho.
(...)
Saí indisposta, com vontade de deitar. Mas o pobre não repousa. Não tem o privilégio de gosar descanço. Eu estava nervosa interiormente, ia maldizendo a sorte (...) catei dois sacos de papel. Depois retornei, catei uns ferros, umas latas e lenha. Vinha pensando. Quando eu chegar na favela vou encontrar novidades. Talvez a D Rosa ou a indolente Maria dos Anjos brigaram com meus filhos.  Encontrei a Vera Eunice dormindo e os meninos brincando. Pensei: são duas horas. Creio que vou passar o dia sem novidade! O João José veio avisar-me que a perua que dava dinheiro estava chamando para dar mantimentos. Peguei a sacola e fui. Era o dono do Centro Espírita da rua Vergueiro 103. Ganhei dois quilos de arroz, idem de feijão e dois de macarrão. Fiquei contente. A perua foi-se embora. O nervoso interior que eu sentia ausentou-se. Aproveitei a minha calma interior para eu ler. Peguei uma revista e sentei no capim, recebendo os raios solar para aquecer-me. Li um conto. (...)".
Carolina Maria de Jesus - diario de uma favelada.

Obrigado amigo por tudo. Essa conversa vai ser longa e que seja prática! Vambora colocar em prática esses ensinamentos

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