O que me chama atenção é que temos a tendência a perceber as religiões orientais como religiões místicas, do silêncio além das palavras, em contraposição às religiões do tronco judaico-cristão marcadas pelas revelações, pelas palavras, pelo livro, pelo profetismo.
Esse texto no entanto, um dos mais famosos livros da Índia que conta a história de Rama, foi escrito de uma forma que podemos dizer, revelada.
Lembramos que a devoção a Rama é comum na Índia, e que foi a última palavra de Gandhi antes de morrer.
Vamos à história:
Lembramos que a devoção a Rama é comum na Índia, e que foi a última palavra de Gandhi antes de morrer.
Vamos à história:
Valmiki estava sentado, em meditação, há milhares de anos, à beira do rio. Tanto tempo que foi feito um cupinzeiro sobre ele.
Mas com a tragédia de Rama e sua esposa Sita, o sábio dos céus, Narada, veio despertá-lo e pedir que socorresse a mulher.
Convencido por Narada, Valmiki observou Sita, "uma bela e formosa mulher."
Depois observou duas aves aquáticas sobre uma árvore e se encantou com a maneira como o macho cantava para sua companheira.
Mas um caçador flechou a ave que caiu morta no chão.
Valmiki, com o coração descompassado, amaldiçoou o caçador: "Não encontrarás descanso nos longos anos da Eternidade, porque mataste um pássaro apaixonado e insuspeitoso."
O caçador morreu em pouco tempo.
E depois Valmiki ficou pensando nas palavras e em como elas formavam um verso e, mais ainda, em como esse verso era musical. (notemos o poder da palavra e da música!)
Foi o primeiro poema, a primeira música da Terra!
Sendo assim, o Senhor Brama, Criador dos Mundos, apareceu a Valmiki e pediu que esse escrevesse a história de Rama, o Ramayana.
E disse assim:
“Com que, então, ao pé de um rio, o primeiro verso do mundo
nasceu da piedade, e o amor e a compaixão por uma minúscula avezinha fizeram de
ti um poeta. Usa o teu descobrimento para contar a história de Rama, e teus
versos derrotarão o Tempo. Enquanto estiveres compondo o teu poema, a vida de
Rama te será revelada, e nenhuma palavra tua será inverídica.
O Senhor Brama voltou ao seu céu, muito acima dos céus mutaveis
de Indra e dos deuses no carro tirado por cisnes brancos e gansos cor de neve.
Valmiki sentava-se, todos os dias, voltado para o leste, numa esteira de capim.
Segurava um pouco de água nas mãos unidas em concha e, olhando para dentro
dela, via claramente Rama e Sita. Via-os moverem-se, ouvia-os falarem e rirem.
Viu toda a vida de Rama acontecer dentro da água segurava o mundo passado no
oco da mão; e, de parte em parte, fez Ramayana deleitoso ao ouvido, agradável à
mente e uma verdadeira felicidade para o coração.” (Ramayana, versão de William
Buck, p. 33, 34.)
tenhamos paz!
tenhamos paz!
André! Parabéns pelo blog! sempre leio seus posts, acho demais!
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