sábado, 12 de junho de 2021

O que colore a minha alma?

A experiência de Ser.

Algo acontece que me traz uma experiência de que sou mais do que pareço, e de que estou conectado a algo maior, e de que há um transpor do nível comum de consciência para uma consciência mais ampliada (como ir para fora de um quarto fechado). Mais calma e intuitiva. Mais em paz. Mais amorosa e quase angustiada em compaixão pelo mundo. Mas sobretudo em paz.

Como pode minha mente produzir um pensamento que me arrepia? Que é isso?

E quando esse pensamento é dito em voz alta? Aos 21 anos foi quando tive a minha primeira experiência de oração. Como é isso de quando me dirijo a um Tu, algo se acende em mim?

De onde vêm as lágrimas de emoção ao meditar no amor? Sentir-se absolutamente amado. Graça e misericórdia.

Que são essas coisas? Quem somos?

Que tipo de ligação é essa entre o interior (pensamento) e algo mais (a vida, o todo, o sentido, o doador de sentido)?

Uma vez uma lágrima desceu-me dos olhos ao comer um bolo de Natal.

A emoção de cantar junto. O que é tudo isso que promove algo em meu interior? O estudo, a abertura de uma nova compreensão interna que arrepia os cabelos. A ação social que une, que promove amor.

Há tantas coisas que me encantam. Que me apaixonam. Mas o que colore a alma é algo além do sentimento. Além do sentir amor. Além do sentir o outro. Além do sentir o nós. O nós que nos liga a um sentido. A um enredo da história humana sobre a terra. 

O humano, a casca da árvore. O tronco cascudo da árvore é só uma casca de árvore. Mas o que é a casca da árvore quando eu a chamo Deus? E me dirijo a um Tu.

Será tudo isso um auto engano? Será tudo isso um mistério científico a ser estudado? Ou será tudo isso um mistério a ser adorado?

A abertura ao desconhecido.

Encarar o aberto. O medo. Medo de um gozo. Não suportar o gozo desse amor e me perder. O roçar do sagrado. Como o rio que beira a margem. Não exatamente a poesia, não as palavras, mas o algo que ela toca. E da qual me retraio.    

E então a própria melancolia dramática de não me submergir nesse mar. A melancolia de não ser esse amor. 

A falta, não de um amor comum, mas de não me reconhecer o próprio amor maior. A angústia da ausência de paz. A paz que se insinua, que vem de visita, que me desafoga por instantes.

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