Menino de 5 anos com sua mãe. Ela diz:
- Vamos agora para casa fazer o seu trabalho. Vamos recortar as figuras...
- Ah, mãe.
- Filho, o que é mais importante brincar ou o trabalho?
- O trabalho , disse o menino chorando.
- Imagina se você chega na escola sem fazer o trabalho. Você vai ser o mico do ano! Todo mundo fez o trabalho menos você.
Isso pra mim é um escândalo mais sério que os dos políticos. Na verdade, creio que a raiz da nossa crise atual esteja aí. É o nascedouro. Pessoas dissociadas de seus sentidos de vida, de si mesmas, criadas neuroticamente para um mundo de cabeça para baixo. Gente!, a questão política mais profunda não é ser de qual partido nesse contexto polarizado, a verdadeira questão política é: como contruir um outro mundo possível com pessoas vivendo plenamente os propósitos de vida de suas almas. Como vamos proteger as crianças de suas famílias neuróticas e amedrontadas? Com tantas experiências de escola livre, tantas escolas com boa visão sobre a infância... ainda existem escolas que passam dever de casa e pais que matriculam seus filhos nelas e entram no jogo do dever, do medo, do que os outros vão pensar de mim, ao invés de cultivar o prazer, a confiança e a autenticidade. Tão novinho. O menino devia bater no meu joelho. Era um pingo de gente... sendo diminuído em seu ser nessa ideologia maluca que NENHUM pedagogo jamais ensinou.
Assim como os políticos não discutem uma reforma política que acabe por exemplo com seus salários, o que acabaria com o incentivo a entrar na política por interesse pessoal, da mesma maneira a sociedade, que padece gravemente do analfabetismo emocional, não consegue encarar o fato de que tem vergonha de dançar, que não troca afeto, que tem medo de amar, que vive um mal estar espiritual que lhe traz imenso vazio, que se vicia em bebidas alcoolicas e comida nada saudável, que abandonou seus sonhos há muito tempo e perdeu sua espontaneidade e alegria de viver, que abusa seu poder sádico sobre os mais fracos (especialmente as crianças) e que foge de tudo isso e mal consegue se olhar nos olhos no espelho e sorrir ou chorar, essa mesma sociedade não consegue ver nem sentir o mal que faz aos seus filhos transmitindo-lhes todo esse sofrimento.
Olhando assim, fica óbvio que a política hoje está tão enferma quanto as pessoas e que a discussão política está tão surda quanto a barulheira emocional mal-tratada de cada membro de nosso corpo social.
Como vamos fazer a reforma política sem os políticos? Como vamos mudar a relação com as crianças sem uma mudança emocional-espiritual dos pais?
Sim. Reafirmamos: Um outro mundo é possível.
E vai nascer a partir de dentro da gente.
Na verdade, já tem muita gente vivendo ele. Só não passa na mídia. Esses irão inspirar os demais.
Inspirem-nos Pestalozzi, Alexander Neill, Janusz Korczak, Rabindranath Tagore, Rudolf Steiner, Victor Frankl, Eurípedes Barsanulfo, Rolando Toro e tantos educadores que perceberam a causa profunda dessas crises, inspirem-nos a encontrar caminhos para nossas crianças.
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