quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Libertar meu eu interior - Lição de Anne Frank


Mais uma vez essa menina de 16 anos me emocionando pelos seus ensinamentos.
Ela me surpreende e me ensina coisas novas.
Dessa vez, lendo na turma em sala, destacamos o último dia do seu diário, o dia primeiro de agosto de 1944.

No geral as pessoas acham que são uma só.
Ela reconhece, em sua humanidade, que é um "pequeno feixe de contradições" e diz que há duas Annes dentro dela.

"Já te contei em tempos que não tenho só uma alma mas sim duas."

Isso é maravilhoso de se reconhecer! Não somos um só, temos sempre dois lados. Isso nos faz mais humanos.

Mas há ainda algo mais.

Mesmo pessoas que sabem-se duas, e reconhecem que escondem um dos lado, dizem que escondem o lado ruim, o lado negativo.

Anne nos mostra algo novo. O lado que ela esconde, é justamente o lado melhor. Onde há mais amor, mais sentimento, mais profundidade. Esse ela esconde por ter medo de que os outros zombem dela. 

Ela diz: "Uma dá-me a minha alegria exuberante, as minhas zombarias a propósito de tudo, a minha vontade de viver e a minha tendência para deixar correr, isto é, para não me escandalizar com flertes, abraços ou uma piada inconveniente. Esta primeira alma está sempre à espreita e faz tudo para suplantar a outra que é mais bela, mais pura, mais profunda. Essa alma boa da Anne ninguém a conhece, não é verdade?"

Como é doloroso ouvir isso. Saber que a parte boa fica escondida. Que desperdício para todos nós... Ela fica entre um lado superficial e um mais profundo: "Este meu lado superficial tentará sempre afastar o outro, o mais profundo, e alcançará, por isso, a vitória."

E isso nos faz pensar tantas coisas...

Vivemos num mundo de repressões. E achamos que se soltarmos nosso lado interior o mundo seria um caos.

Mas é o contrário. Des-reprimir, des-controlar, será permitir que o nosso lado oculto, que é puro, inocente, amoroso e profundo revele-nos uma forma de viver mais bela e plena, com mais alegria e comunhão entre as pessoas. 

E temos medo justamente de mostrar o nosso lado melhor. "Tenho medo de que todos os que me conhecem, tal como costumo ser, possam descobrir o meu outro lado, o mais belo, o melhor. Tenho medo de que trocem de mim, me achem ridícula e sentimental, e não me tomem a sério. Estou habituada a não ser tomada a sério."

Por isso, o convite é: seja você, em sua profundidade. Se as pessoas vão te achar ridículo, aproveite e ria do seu eu ridículo antes deles. Liberte seu eu interior. Ele é bom.

Obrigado Anne Frank, minha menina-amiga.
Obrigado mais uma vez.

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