Faço o que sempre sonhei.
E hoje, lendo o grande educador brasileiro Anísio Teixeira, encontrei a defesa desse princípio: que as pessoas possam se ocupar daquilo que gostem. Tanto os adultos, como as crianças nas escolas.
Um gênio da educação que ainda foi pouco ouvido.
Vejamos:
Em seu livro "Pequena introdução a filosofia da educação" ele vem discutindo a questão de como erramos quando consideramos a vida um conjunto de sacrifícios e esforços sofridos para se obter a felicidade futura (seja nesta ou na outra vida). E de como as pessoas que pensam assim julgam que o homem não gosta de trabalhar e se o faz é para obter um benefício futuro.
Tudo errado. Para ele o homem, desde criança, gosta de estar em atividade, de se envolver em ocupações diversas e a sua felicidade só pode ser vivida no presente, no fazer aquilo que mais gosta.
Vamos ler o que diz o professor?
"Há um grupo de homens para quem o trabalho é a sua própria alegria. Sobretudo os artistas e os que dão à sua própria vida a natureza de uma obra de arte, conseguem esse resultado surpreendente.
E o que faz desse trabalho ou dessas vidas uma realização harmoniosa de prazer e de alegria? É que o trabalho vale por si mesmo, e não é uma simpes atividade que se perfaz pelo resultado externo que dela poderá advir. O quadro, a escultura ou o livro poderão ser vendidos e daí retirar o autor o prêmio externo de seu esforço. Uma remuneração mais alta, porém, a do prazer, da paixão e do amor do próprio trabalho já lhe deu a compensação essencial.
A atividade do artista, como a atividade da criança, é a atividade em que se resumem as suas próprias vidas. O seu trabalho, o seu prazer e a sua missão, tudo se funde em um só esforço integrado e harmonioso.
Todo o trabalho humano devia participar dessas qualidades. Nesse dia, o próprio trabalho daria a felicidade. (...)
Agindo somente por obrigação a sua atividade se dissocia entre o que ele quer e o que ele faz, e, com essa dissociação lhe foge a sadia alegria de viver e de trabalhar.
O período de labor torna-se, então, um período de desconforto e opressão. Apenas liberto dessa obrigação monótona e fatigante, procura as excitações do prazer superficial e grosseiro.
Assim está organizada quase toda a vida moderna. Os moralistas conservadores teriam razão, se as coisas não pudessem mudar. Se o que é hoje, tivesse que o ser para sempre. O seu erro maior está exatamente aí. As suas doutrinas alimentam-se da convicção de que as coisas são assim e não podem ser de outro modo. Daí o esforço de toda moral para criar compensações.
E com isso, desencorajam as mudanças e as transformações, negam valor as experiências novas e buscam emprestar, não sei porque receio, uma significação supersticiosamente sagrada as instituições de nossa época."
E conclui:
"A vida será boa se a nossa atividade, em si mesma, e por si mesma, for agradável e satisfatória.
A atividade não será, deste modo, uma preparação para um bem futuro e remoto, mas, ela mesma, esse bem.
Não vamos ser felizes no futuro. Ou seremos felizes agora ou não o seremos nunca. Vivemos no presente e só no presente podemos governar a vida. O futuro é imprevisto e imprevisível.
(...)
Deve-se partir para a vida como para uma aventura.
(...)
Os sofrimentos devem ser recebidos com uma saudável coragem. Contribuem para dar uma querida nota heróica a vida.
São as sombras que põem em relevo as luzes e as cores da existência..."
páginas 128 a 132
Vamos fazer a vida como quem faz uma obra de arte.
Arte de viver.
Mais a frente faremos a relação disso tudo com os princípios do Zen Budismo e do Baghavad Gita. Tudo a ver!
Bom trabalho!
Com certeza tudo a ver! AMO Anísio!!! Amo o Gita!!!!Que prazer "encontrar" alguém que faz essas loucas pontes como eu!!! Parabéns pelo blog! Claudia
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