Pensei em orar. Olhei o céu.Imediatamente surgiu-me a dúvida: como orar sem repetir palavras vazias? Como falar com Deus, me dirigindo verdadeiramente a Ele? Como chamá-lo? Por qual nome? Lembrei de pessoas que me inspiram espiritualidade: Madre Teresa, Jesus, Buda, Francisco de Assis. Cada qual o chamou de um jeito. Como falar? Faz sentido falar? Não seria melhor o silêncio? E pensei: se estou nele não preciso falar nada, basta ser. Se não estou, não adianta falar, pois a voz sai vazia. Diante da dúvida, e da vontade de Deus, me entreguei a um pietismo e orei falando, na esperança de que me fizesse bem, de que fosse produtivo.
E orei, lentamente, assim:
Deus-Pai, Deus-Mãe
Deus-Tudo, Deus-Nada
Deus-Eu, Deus-não-eu
Permita que eu possa sentir a Tua verdade.
Permita que eu possa saber, entender, perscrutar a Tua vontade, a Tua lei.
Que nenhum homem passe fome.
Que nenhum homem sinta a dor da injustiça.
Tu és Pai, pois criaste tudo.
Tu és Mãe, pois de Ti tudo foi gerado e Tu nutres todas as coisas.
Tu és tudo pois não há coisa alguma, lugar algum onde não estejas.
Tu és nada, pois para cada coisa que olho tu estás além.
Tu és Eu, pois estás em mim.Tu és não-eu, pois estás em mim na parcela onde não há eu, onde estou vazio de mim.
Tem piedade de nós.
Possamos todos nos libertar do ego.Que todos possam se aproximar de Ti.
Obrigado,
Obrigado por todos que vieram antes de mim e abriram caminhos.